Entre as 17 reportagens
que se destacaram este ano no 14º Prêmio Imprensa Embratel, duas
chamaram a atenção pela forma como produziram provas contra a corrupção,
um processo que em geral só é descoberto depois do fato consumado,
quando se torna difícil incriminar os culpados e recolher provas
materiais de seu envolvimento. Nas duas matérias premiadas, ambas para a
televisão, houve o uso de criatividade e tecnologia. A primeira,
ganhadora do maior troféu, revelou o que acontecia em um gabinete onde
eram fechados contratos com dinheiro público. Durante dois meses o
repórter Eduardo Faustini, do "Fantástico", conseguiu fazer-se passar
por gestor de compras em um hospital público federal. Convidou empresas
que vendem serviços e materiais médicos e, com câmeras escondidas,
flagrou como são feitas licitações com cartas marcadas, combinação de
suborno e simulações para fugir da fiscalização do governo. A trapaça,
mostrada de maneira incontestável, foi justificada por uma das
personagens envolvidas, uma mulher apanhada com a mão na massa: "É a
ética do mercado." O trabalho de Faustini (com André Luiz Azevedo e
Renato Nogueira) recebeu o título de "A cara da corrupção" e impediu que
as empresas corruptoras embolsassem na época R$ 250 milhões.
A outra matéria se chama "Madeira chipada" (TV Centro América), que, usando um expediente inédito, descobriu o destino da madeira arrancada ilegalmente de uma área de floresta do tamanho de vinte mil campos de futebol, em União do Sul, no Norte de Mato Grosso. "Nossa equipe instalou chips localizadores em algumas toras nos principais pontos da retirada ilegal." Fez isso cortando um pedaço da casca do tronco, introduzindo o aparelhinho no buraco e colando de novo a casca. O resultado foi que, graças ao rastreamento, o Ibama fechou a serraria que recebeu o produto do roubo e prendeu o gerente em flagrante.
Os demais trabalhos premiados também ajudam a demonstrar como a imprensa está privilegiando a investigação. No Sul, a repórter Letícia Duarte, da "Zero Hora", acompanhou por três anos os passos de um menino para revelar a sucessão de falhas que gesta uma criança de rua. No Rio, os repórteres da Globo News, tendo à frente Rodrigo Carvalho Gomes, percorreram o país acompanhando o dia a dia de juízes ameaçados de morte. No Paraná, o repórter Mauri König e equipe viajaram 5 mil quilômetros em cinco meses para comprovar o desvio de R$ 22 milhões em delegacias fantasmas. Em outro caso, Antônio Gois e uma equipe de dez colegas do GLOBO identificaram no país 82 escolas que, mesmo atendendo alunos de baixíssima renda, conseguiram colocá-los no topo do ranking de aprendizado do MEC.
E há mais uma dezena de exemplos que, por falta de espaço, não são citados.
A outra matéria se chama "Madeira chipada" (TV Centro América), que, usando um expediente inédito, descobriu o destino da madeira arrancada ilegalmente de uma área de floresta do tamanho de vinte mil campos de futebol, em União do Sul, no Norte de Mato Grosso. "Nossa equipe instalou chips localizadores em algumas toras nos principais pontos da retirada ilegal." Fez isso cortando um pedaço da casca do tronco, introduzindo o aparelhinho no buraco e colando de novo a casca. O resultado foi que, graças ao rastreamento, o Ibama fechou a serraria que recebeu o produto do roubo e prendeu o gerente em flagrante.
Os demais trabalhos premiados também ajudam a demonstrar como a imprensa está privilegiando a investigação. No Sul, a repórter Letícia Duarte, da "Zero Hora", acompanhou por três anos os passos de um menino para revelar a sucessão de falhas que gesta uma criança de rua. No Rio, os repórteres da Globo News, tendo à frente Rodrigo Carvalho Gomes, percorreram o país acompanhando o dia a dia de juízes ameaçados de morte. No Paraná, o repórter Mauri König e equipe viajaram 5 mil quilômetros em cinco meses para comprovar o desvio de R$ 22 milhões em delegacias fantasmas. Em outro caso, Antônio Gois e uma equipe de dez colegas do GLOBO identificaram no país 82 escolas que, mesmo atendendo alunos de baixíssima renda, conseguiram colocá-los no topo do ranking de aprendizado do MEC.
E há mais uma dezena de exemplos que, por falta de espaço, não são citados.