sexta-feira, 8 de março de 2013
‘Trilogia do Gelo’ - Hermano Vianna
Vladimir Sorokin é o Fausto Fawcett de Moscou menos 40 graus
Vladimir Sorokin já foi chamado de Quentin Tarantino ou Marquês de Sade da literatura russa contemporânea. Prefiro chamá-lo de Fausto Fawcett de Moscou menos 40 graus. Quem me conhece sabe, não tenho elogio melhor. Outras pessoas, menos exaltadas, decretam apenas que ele será o próximo Roberto Bolaño (isto é: obrigatório em rodas intelectuais chiques, assim como um caramelo com flor de sal). Os sinais de sua iminente celebridade global são claros. Em 2011, foi “escritor em residência” em Stanford. Este ano, concorre ao Man Booker International Prize que será anunciado dia 22 de maio, em jantar no museu Victoria & Albert, Londres.Democracia 2.0. Ou quase. - Nelson Motta
Aos poucos a mídia
internacional vai se dando conta do tamanho da encrenca que representa o
Movimento Cinco Estrelas conquistar 25% dos votos para a Câmara e o
Senado na Itália e virar o maior "partido" do país. O comediante Beppe
Grillo canalizou a indignação popular contra os velhos partidos - os
culpados pela Itália estar como está - xingando e esculachando seus
representantes e mandando todos para casa. Mas também apresentou novas
formas de participação popular e de democracia direta.
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Aos 81 anos, Beatriz disse: deixem comigo! - Ignácio de Loyola Brandão
Dia desses, uma
amiga do interior me ligou, queria me passar umas informações. Eu disse:
"Vou te dar meu e-mail, você passa tudo. E ela: "Acha que sei trabalhar
com isso? Sabe quantos anos tenho? Sou de outra geração. Não temos nada
a ver com essas coisas". Sei quantos anos ela tem: 73. Porque três anos
atrás o marido fez uma bela festa para os 70 anos dela. Lembrei-me que
meu tio José ficou fascinado com o computador que ganhou dos filhos. E
ainda não havia mouse, imaginem, era tudo controlado pelo teclado. E
José estava com quase 80.
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Leonardo Boff-O maior patrimônio que o Brasil tem é o seu povo
Nossa história pátria vem marcada por uma herança de exclusão que
estruturou nossas matrizes sociais. Tal fato tem onerado poderosamente a
invenção de uma nação soberana. Fomos vítimas de quatro invasões
sucessivas, que inviabilizaram, até recentemente, um projeto nacional
autônomo, aberto às dimensões do mundo.
A primeira invasão ocorreu no século XVI, com a colonização portuguesa. Índios foram subjugados, e milhões de escravos foram trazidos da África como carvão para a máquina produtiva.
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A primeira invasão ocorreu no século XVI, com a colonização portuguesa. Índios foram subjugados, e milhões de escravos foram trazidos da África como carvão para a máquina produtiva.
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quinta-feira, 7 de março de 2013
O PT não está de todo errado - EUGÊNIO BUCCI
Com sotaque portenho, o Diretório Nacional proclama: "O oligopólio que controla o sistema de mídia no Brasil é um dos mais fortes obstáculos à transformação da realidade do nosso país". O Brasil não é a Argentina, Dilma Rousseff não é Cristina Kirchner, mas talvez a turma que redigiu o comunicado quisesse mudar também esses detalhes da "realidade do nosso país". O texto promete convocar uma "Conferência Nacional Extraordinária de Comunicação do PT, a ser realizada ainda em 2013, com o tema Democratizar a Mídia e ampliar a liberdade de expressão, para Democratizar o Brasil".
Até aí não há novidade nenhuma no flamejante palavreado do PT. Desde 2005, pelo menos, dirigentes da sigla fustigam empresas jornalísticas, numa escalada que não cessa. Afirmam que o julgamento do mensalão resultou de um complô urdido pelos donos de jornal em conluio com ministros do STF. Agora, a ameaça de convocar manifestações e forçar o governo a enquadrar órgãos de imprensa parece ser mais um capítulo de uma novela já conhecida, um tanto gasta, cujo objetivo é radicalizar o debate eleitoral que se avizinha. Num ambiente polarizado, será mais fácil jogar a culpa de todos os males do PT nas costas dos repórteres - e transformar "o oligopólio que controla o sistema de mídia no Brasil" no vilão do continente. A campanha de 2014 seria, então, uma campanha contra a "mídia oligopolizada", o dragão da maldade. O PT entraria na sua própria novela como o santo guerreiro. Salve, Jorge.
Mas a história não acaba aí. A questão é menos óbvia e mais complexa do que parece. Fora o panfletarismo e o tom inflamado, quase raivoso, há um ponto no qual o PT está com a razão. Ao menos em parte, está certo: o marco regulatório está na ordem do dia. Com ou sem disputa eleitoral, com ou sem maniqueísmos melodramáticos, o Brasil precisa de um novo marco regulatório da radiodifusão (e dos mercados conexos). Isso não tem nada que ver com cercear o conteúdo ou censurar o noticiário (como talvez queiram uns ou outros, petistas ou não), mas o contrário: a boa regulamentação só aumenta o grau de liberdade, como vemos hoje nos Estados Unidos, no Canadá e em vários países da Europa. Ela não é sinônimo de censura. A má regulamentação, ou a ausência dela, é que traz prejuízos maiores, inclusive para a liberdade.
Como afirmou o Estado em editorial de dois dias atrás, "um novo marco regulatório das comunicações é necessário e urgente, principalmente porque o marco em vigor, anterior ao advento da internet, está há muito tempo defasado". A nova legislação, sem ideologismos, deveria organizar a matéria (hoje dispersa um espinheiro normativo confuso e obsoleto), promover as atualizações que as tecnologias digitais exigem, destravar o crescimento do mercado (aprimorando as condições de concorrência) e arejar ainda mais a democracia (assegurando mais diversidade ao debate público e à cena cultural).
O PT fala de oligopólios e monopólios. Sem dúvida, precisamos de uma lei que dê os critérios (numéricos, de preferência) pelos quais se possa definir o que é monopólio ou oligopólio numa dada região (critérios que hoje não existem), mas esse está longe de ser nosso único entrave. Mais sério, hoje, é o problema da fusão indiscriminada de igrejas, partidos políticos e emissoras (ou redes inteiras) de rádio e televisão, o que tende a ferir a laicidade do Estado (e a radiodifusão, sendo serviço público, deve primar pela observância da mesma laicidade que vale para o Estado), o fisco e a concorrência leal entre as empresas (pois as igrejas gozam de benefícios tributários que as emissoras não têm e, se a separação entre as duas esferas não for rígida, as emissoras podem encontrar reforços financeiros impróprios quando se associam a igrejas). Sobre esse assunto a nota do PT não fala nada.
A influência crescente de políticos sobre empresas de comunicação é outro vício grave. Há parlamentares que são acionistas, parentes de acionistas ou mesmo dirigentes de emissoras, o que gera um flagrante conflito de interesses: como o Congresso Nacional é chamado a falar na concessão de canais de rádio e TV, seus integrantes não deveriam ter parte com esses negócios. Também por isso um novo marco regulatório é urgentemente necessário.
Há mais. O uso abusivo da propaganda de governo tem permitido ao poder uma interferência crescente sobre os meios de comunicação. Embora o governo federal mantenha esses gastos em patamares relativamente estáveis há anos, os governos de Estados e municípios vêm expandindo sem limites a sua publicidade. A ocasião de rever o marco regulatório seria uma oportunidade para disciplinar também essa matéria. Sem restrições, a verba de publicidade governamental concorre para desequilibrar e desvirtuar o mercado, arranhando o ambiente de liberdade de imprensa. Lembremos que na Argentina, onde há uma conflagração entre órgãos de imprensa e governo, o kirchnerismo elevou os gastos de publicidade oficial de 46 milhões de pesos em 2003 para 1,5 bilhão em 2011 (cerca de US$ 300 milhões).
Recusar o debate sobre um novo marco regulatório só porque a ideia foi abraçada pelo PT é um erro primário. Estamos falando aqui de uma necessidade estrutural do mercado e da democracia, não de uma bandeira de esquerda. Se alguns se aproveitam dessa necessidade para pedir censura, cabe aos democratas de qualquer partido esclarecer, limpar o terreno e propor a modernização necessária. Que já tarda.
* Eugênio Bucci é jornalista e professor da ECA-USP e da ESPM.
A fome e a memória - Fernando Reinach
A formação desse tipo de memória exige a produção de novas moléculas e o rearranjo dos circuitos que interligam neurônios, o que consome muita energia. Geralmente isso não é um problema, pois o cérebro não somente regula o gasto de energia das diferentes partes do corpo, mas também garante que, na falta de alimentos, o suprimento energético do próprio cérebro seja priorizado.
Em 1983, estudando a formação de memórias em drosófilas (a famosa mosca de fruta), os cientistas descobriram que era mais fácil "ensinar" uma mosca a associar um odor a um alimento apetitoso se a mosca estivesse passando fome. O experimento é simples. As moscas são deixadas sem alimento por 20 horas e depois, submetidas a um odor típico ao mesmo tempo em que recebem um pouco de açúcar para comer.
Nesse caso, basta um ciclo de treinamento para as moscas aprenderem a associar o odor ao açúcar. E essa memória dura dias (o que é bastante na vida de uma mosca). Se as moscas não estiverem com fome, elas também aprendem a associar o cheiro ao açúcar, mas necessitam de vários ciclos de treinamento. O aprendizado acelerado em situações de fome faz sentido, afinal saber que um cheiro está presente porque existe açúcar por perto aumenta as chances de sobreviver.
Foi nessa época que os cientistas descobriram que a formação de outros tipos de memórias não eram estimuladas pela fome. Por exemplo, se você quer "ensinar" uma mosca que um odor é desagradável, basta submetê-las à presença do odor e, ao mesmo tempo, dar um pequeno choque na mosca. Ela logo aprende a fugir do odor.
Agora a novidade: os cientistas resolveram investigar o que ocorria quando se tentava "ensinar" moscas famintas a ter aversão a um odor. O método é o mesmo: você submete a mosca a choques elétricos e libera o odor.
A primeira observação foi que tanto as moscas famintas quanto as bem alimentadas são capazes de aprender a ter medo de um odor associado ao choque elétrico, mas nas moscas famintas esta memória durava pouco. Os cientistas suspeitaram que as moscas famintas não estavam formando memórias de longo prazo (aquelas que exigem gasto de energia). Para confirmar essa hipótese, foram realizados diversos experimentos engenhosos. Os cientistas usaram moscas mutantes, incapazes de formar memórias de curto prazo, e observaram que, quando famintas, elas não aprendem a associar o cheiro ao choque elétrico. Depois demonstraram que os neurônios envolvidos na formação de memórias de longo prazo associadas a sensações desagradáveis são inativados quando a mosca passa fome.
Por fim, os cientistas utilizaram um truque genético que força esses neurônios a permanecerem ativos mesmo nas moscas famintas. Repetindo o experimento, comprovaram que nessa situação totalmente artificial, a memória de longo prazo de experiências desagradáveis é formada, mas, como essa formação provoca um alto gasto de energia, a sobrevida dessas moscas era menor.
Os cientistas concluíram que, nas drosófilas, a falta de alimento bloqueia a formação de memórias de longo prazo de experiências desagradáveis e estimula a formação de memórias de longo prazo associadas a sensações positivas, como a presença de alimento. Em outras palavras, as memórias armazenadas dependem do estado nutricional das moscas.
É claro que o experimento precisa ser repetido em mamíferos e em outras espécies de animais para podermos afirmar que essa é uma característica do cérebro de animais. Mas esse estudo abre uma nova perspectiva no estudo da formação de memórias: a possibilidade de que o tipo de memória formado em nossos cérebros depende de nosso estado nutricional.
Imagine se isso for verdade para seres humanos. Pense que você tenha de comunicar uma notícia traumática, por telefone, a um ente querido. Em vez de perguntar se ele está sentado antes de dar a notícia, o melhor é garantir que ele vai receber a notícia com fome. O trauma não será registrado na memória de longo prazo e ele logo se recuperará do trauma.
*
Fernando Reinach é biólogo. Mais informações: 'To Favor Survival Under
Food Shortage, the Brain Disables Costly Memories'. Science, vol 339, pg
440, 2013.
Elefante na sala - Luis Fernando Veríssimo
Outros elefantes continuam ignorados, e continuam na sala. Hoje não há nenhuma dúvida de que o cigarro mata e o fumo é a principal causa do câncer no Brasil e no mundo. No caso do Brasil só o volume de impostos que a indústria do fumo paga ao governo explica que não haja um combate mais aberto e decisivo ao vício assassino. Em alguns casos a indústria tem até vantagens fiscais. Já o volume de impostos não pagos pelas religiões organizadas explica a proliferação de Igrejas e seitas no País e a presença de pastores evangélicos brasileiros nas listas dos mais ricos do mundo. Mas a isenção dada ao negócio da religião é um dos assuntos intocáveis do País, um elefante enorme cuja presença na sala nem a imprensa nem ninguém se anima a reconhecer.
Potência. Contam que o Stalin, avisado de que determinada decisão iria desagradar ao Vaticano, teria perguntado "E quantas divisões tem o papa?". Descontando-se a Guarda Suíça, que só existe para fins decorativos, o papa, como se sabe, não tem tropas. Mas o Stalin se espantaria com a demonstração de poder do Vaticano dada pela cobertura da renúncia do papa e das especulações sobre o seu sucessor. Páginas e páginas de jornal, horas e horas de televisão - um triunfo de potência desarmada. A União Soviética tinha as divisões. Não tinha as relações públicas da Igreja.
quarta-feira, 6 de março de 2013
Entrevistas - Francisco Bosco
Certa
vez participei de uma mesa em torno do lançamento de um livro de meu
amigo Alberto Pucheu. Ele contou que relera alguns de seus livros e
chegara à conclusão de que o núcleo de identidade que os atravessava não
estava tanto nas ideias quanto no modo de escrever, na cadência da
frase, na sintaxe: “Eu sou um ritmo”, ele concluiu. Essa cena me veio à
cabeça porque reli hoje (à procura de uma informação que julgava estar
lá) uma entrevista que concedi há alguns anos. O entrevistador gravou a
conversa, mas, para minha perplexidade (e decepção e indignação), quando
li o resultado final, depois das intervenções dele, não me reconheci no
texto: as ideias estavam adulteradas por paráfrases desajeitadas e meu
ritmo tinha uma cadência tão graciosa quanto a de um desses bailarinos
do Bolshoi quando vão sambar na Mangueira. Diante daquele espelho, me
senti como Cristo se sentiria vendo a restauração de seu retrato feito
pela tal senhora espanhola, que virou hit mundial.
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A exatidão como problema - ROBERTO DaMATTA
O Estado de S.Paulo - 06/03/2013
Lembre-se, disse o dr. Bastos de Paula, um contador que se via como matemático, você tem que ser preciso: só há uma resposta!
Fiquei cismado. Naquela noite, comemorávamos mais uma vitória política (o nosso principal inimigo havia dito uma tolice) e, embora eu tivesse tomado muitas cuias de cauim, nem a animação dos radicais me distraiam, confessou Antenor Barbado, um etnólogo que voltava de uma longa viagem de pesquisa com a tribo dos kongrás e estava tão magro que parecia um tísico.
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Lembre-se, disse o dr. Bastos de Paula, um contador que se via como matemático, você tem que ser preciso: só há uma resposta!
Fiquei cismado. Naquela noite, comemorávamos mais uma vitória política (o nosso principal inimigo havia dito uma tolice) e, embora eu tivesse tomado muitas cuias de cauim, nem a animação dos radicais me distraiam, confessou Antenor Barbado, um etnólogo que voltava de uma longa viagem de pesquisa com a tribo dos kongrás e estava tão magro que parecia um tísico.
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Além da vitória - TOSTÃO
FOLHA DE SP - 06/03
Após um longo período de vitórias, grandes times e craques tendem à inércia, ao fastio
Há mais de um ano, em todas as partidas que Kaká jogou pelo Real Madrid, ele não brilhou como em seus melhores momentos, mas se movimentou como no Milan. Ele é reserva no Real porque Özil é um dos melhores meias do futebol mundial. Por isso, e pelo que jogou nas partidas com Mano Menezes, Kaká merece estar na seleção. Fora isso, nada tão relevante na convocação.
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Após um longo período de vitórias, grandes times e craques tendem à inércia, ao fastio
Há mais de um ano, em todas as partidas que Kaká jogou pelo Real Madrid, ele não brilhou como em seus melhores momentos, mas se movimentou como no Milan. Ele é reserva no Real porque Özil é um dos melhores meias do futebol mundial. Por isso, e pelo que jogou nas partidas com Mano Menezes, Kaká merece estar na seleção. Fora isso, nada tão relevante na convocação.
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Lupin no Vaticano - RUY CASTRO
FOLHA DE SP - 06/03/2013
RIO DE JANEIRO - Nesta segunda-feira, um australiano disfarçou-se de bispo, foi ao Vaticano e infiltrou-se na abertura da Congregação Geral, a preliminar do conclave que escolherá o novo papa. Burlando normas de segurança, o penetra conseguiu chegar à Sala Paulo 6°, onde se reuniam cem cardeais. Juntou-se a eles, cumprimentou vários e se deixou fotografar em grupo. Descoberto, foi retirado da Santa Sé, não se sabe se pedalando o ar, e posto na rua.
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RIO DE JANEIRO - Nesta segunda-feira, um australiano disfarçou-se de bispo, foi ao Vaticano e infiltrou-se na abertura da Congregação Geral, a preliminar do conclave que escolherá o novo papa. Burlando normas de segurança, o penetra conseguiu chegar à Sala Paulo 6°, onde se reuniam cem cardeais. Juntou-se a eles, cumprimentou vários e se deixou fotografar em grupo. Descoberto, foi retirado da Santa Sé, não se sabe se pedalando o ar, e posto na rua.
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A hora dos bota-foras - ZUENIR VENTURA
O GLOBO - 06/03/2013
Houve um momento em que os abaixo- assinados pareciam tão fora de moda que uma amiga pensou em escrever uma peça chamada "O fim dos manifestos e os 3 Z", uma referência aos nomes que, por ordem alfabética, encerravam quase sempre esses documentos de protesto político nos anos 60: Zelito, Ziraldo e Zuenir.Mas eis que, de repente, eles voltaram a ser um eficiente instrumento de ação política, com a ajuda da internet. Foi graças a um deles, por exemplo, que surgiu uma revolucionária iniciativa popular: a Lei da Ficha Limpa. Reunindo 1,3 milhão de assinaturas, a petição virou projeto, que foi aprovado em 2010 na Câmara, no Senado e sancionado pela presidente da República.
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Houve um momento em que os abaixo- assinados pareciam tão fora de moda que uma amiga pensou em escrever uma peça chamada "O fim dos manifestos e os 3 Z", uma referência aos nomes que, por ordem alfabética, encerravam quase sempre esses documentos de protesto político nos anos 60: Zelito, Ziraldo e Zuenir.Mas eis que, de repente, eles voltaram a ser um eficiente instrumento de ação política, com a ajuda da internet. Foi graças a um deles, por exemplo, que surgiu uma revolucionária iniciativa popular: a Lei da Ficha Limpa. Reunindo 1,3 milhão de assinaturas, a petição virou projeto, que foi aprovado em 2010 na Câmara, no Senado e sancionado pela presidente da República.
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segunda-feira, 4 de março de 2013
Duas revoluções, dois destinos - ALFREDO SIRKIS
Os recentes
incidentes envolvendo a visita ao Brasil da blogueira cubana Yoani
Sánchez, hostilizada por turbas agressivas da "Solidariedade com Cuba",
foram também uma oportunidade perdida para debater o argumento de que a
ditadura "de esquerda" seria o inevitável preço a pagar pelos grandes
"avanços sociais".
É comum escutarmos que as restrições à liberdade de expressão e de imprensa, a ausência de eleições livres, de pluralismo político ou de alternância no poder, passado mais de meio século da revolução cubana, se justificam por suas conquistas na educação e na saúde e pela ausência de fome e miséria absoluta na ilha. O argumento jamais se sustentou na comparação com outra revolução que a precedeu em 11 anos: a da Costa Rica, de 1948, que obteve notáveis avanços em educação e saúde e garantiu um padrão de vida muito mais elevado, sem o sacrifício das liberdades, do pluralismo, do respeito aos direitos humanos e de um Judiciário independente.
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É comum escutarmos que as restrições à liberdade de expressão e de imprensa, a ausência de eleições livres, de pluralismo político ou de alternância no poder, passado mais de meio século da revolução cubana, se justificam por suas conquistas na educação e na saúde e pela ausência de fome e miséria absoluta na ilha. O argumento jamais se sustentou na comparação com outra revolução que a precedeu em 11 anos: a da Costa Rica, de 1948, que obteve notáveis avanços em educação e saúde e garantiu um padrão de vida muito mais elevado, sem o sacrifício das liberdades, do pluralismo, do respeito aos direitos humanos e de um Judiciário independente.
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As flores da Rua Joly - José de Souza Martins
Num sábado à tarde,
de novembro de 1884, a Condessa d'Eu, com os filhos, ainda crianças,
foi de bonde puxado a burro conhecer a Chácara das Flores, no Brás.
Ficava no Marco da Meia Légua, pouco adiante da Ponte Preta, na Rua do
Brás, mais tarde Rua da Intendência e hoje Avenida Celso Garcia. A
Princesa Isabel não ligou muito para as flores de Jules Joly. Queria era
livrar-se do enxame de repórteres. Na volta, pediu um bonde só para ela
e os filhos, deixando os jornalistas a pé. Lá era o confim da cidade, o
extremo do chamado rocio.
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Dia Internacional de Quem? - Lúcia Guimarães
Lúcia Guimarães - O Estado de S.Paulo
O Dia Internacional da Mulher começou, de fato, nos Estados Unidos, em 1909, como o Dia Internacional da Mulher Trabalhadora e foi inspirado por socialistas, num tempo em que a Constituição ainda não concedia às americanas o direito ao voto.
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domingo, 3 de março de 2013
Ficha limpa na Santa Sé
Em conclave, cardeais devem buscar um Papa imune aos escândalos que assolam a Igreja
Deborah Berlinck
Enviada especial
ROMA
O futuro Papa - o homem que vai guiar estimados 1,2 bilhão de católicos
no mundo e comandar uma Cúria Romana dividida e indomável - terá que
ser um santo. Pelo menos no sentido figurado da palavra. Ao fim de quase
oito anos do conturbado pontificado de Bento XVI, marcado por
escândalos de pedofilia, disputas internas e até roubo de documentos
secretos, o fator que mais pesará na escolha dos 115 cardeais que vão se
reunir a partir de amanhã em Roma não será origem ou idade, mas mãos
limpas. Mani pulite , diriam os italianos.
Com
base nessa tese, Salvatore Izzo, especialista em Vaticano da Agência
Itália (AGI), conta já ter eliminado de sua lista de papáveis sete ou
oito cardeais que participarão do conclave:
-
O verdadeiro debate no momento diz respeito à santidade pessoal do
candidato. Esse vai ser o elemento principal. O candidato deve ser
absolutamente íntegro e acima de qualquer suspeita. Não apenas
comportamento pessoal, mas também se combateu de forma justa o fenômeno
da pedofilia.
Izzo não é o único. James Weiss, teólogo do Departamento de Artes e Ciências do Boston College, nos Estados Unidos, também diz:
-
Eles todos vão estar se perguntando quem está seguro. Seguro significa
quem está livre de chantagem, que não tem roupa suja, mas também quem
tem poucos inimigos (na Cúria) e que vai conseguir fazer o trabalho.
Pelo
critério de não ter muitos inimigos na Cúria, Weiss elimina dois
papáveis que figuram em muitas listas como fortes candidatos: Peter
Turkson, de Gana, e Christoph Schönborn, da Áustria. Segundo ele, os
dois "falaram demais" e têm inimizades internas.
ITALIANOS COM POUCAS CHANCES
Entre
os cardeais eliminados por Izzo, o mais óbvio é Roger Mahony, que
estará no conclave apesar de estar sendo investigado sob suspeita de ter
acobertado 129 casos de abuso sexual em Los Angeles. Nos EUA, a
organização Catholics United coletou dez mil assinaturas em um manifesto
exigindo que ele não participe da escolha do novo Papa.
Mas
Mahony resiste. E junto com ele, resistem os que acham que os pecados
da Igreja devem ser acertados com Deus ou pela Igreja, como o cardeal
William Levada. Este americano, que ocupou o mais alto cargo na Cúria
Romana (de 2005 a 2012, foi prefeito da Congregação para a Doutrina da
Fé), partiu em defesa de Mahony. "Existem alguns grupos de vítimas, para
quem o suficiente nunca é suficiente, por isso temos de fazer o nosso
trabalho da melhor forma que vemos... Mahony pediu desculpas por erros
de julgamento cometidos. Eu acredito que ele deveria estar no conclave",
escreveu.
Mahony
se apresenta como vítima de perseguição. Em seu blog, ele escreveu:
"Não me lembro de um momento como agora, quando as pessoas tendem a ser
tão críticas e até mesmo hipócritas, tão rápidas para acusar, julgar e
condenar ... O que aconteceu com a regra de dar aos outros o benefício
da dúvida até que se prove o contrário?".
O
ex-padre católico Tom Rastrelli - uma das vítimas de abuso sexual
-reagiu com indignação num blog no Huffington Post: "A mensagem
implícita para nós, vítimas de abuso, é: por que você (vítima) não pode
simplesmente nos perdoar e pôr um ponto final nisso? As vítimas com quem
eu falo querem justiça!"
Outro
eliminado da lista de Izzo é o cardeal primaz da Irlanda, Sean Brady.
Embora continue no comando da Igreja do país, o vaticanista diz que ele
"foi praticamente demitido", tendo seus poderes diminuídos pelo
Vaticano. Um documentário da BBC mostrou que Brady tinha nome e endereço
de crianças que estavam sendo abusadas por um padre, mas não revelou o
fato à polícia, nem aos pais das vítimas - escândalo que chocou a
profundamente Irlanda. Ele, porém, participa do conclave.
Godfried
Danneels, da Bélgica, também saiu da lista de papáveis de Izzo. Aos 79
anos, por pouco o belga não fica de fora do conclave: ele completa 80
anos, idade limite para votar, daqui a três meses. Conservador, o
cardeal, que comandou durante três décadas a Igreja na Bélgica, foi
flagrado recomendando a uma vítima de abuso sexual não divulgar o caso,
até que o bispo agressor, Roger Vangheluwe, se aposentasse. A vítima
gravou secretamente a conversa e divulgou para a imprensa. Depois, o
bispo admitiu o abuso e se demitiu. Na gravação, o cardeal dizia:
"Melhor esperar por uma data no ano que vem, quando ele vai renunciar.
Não sei se haverá muito a ganhar fazendo muito barulho sobre isso, nem
para você nem para ele".
O
vaticanista italiano também descarta o cardeal Vigário Geral de Roma,
Agostino Vallini, "que certamente é inocente, mas quem quando era bispo
de Albanom não transferiu de forma justa um sacerdote que depois se
matou". Ele elimina também dois outros cardeais italianos, Giuseppe
Betori, atual arcebispo de Florença, e seu antecessor na cidade, Ennio
Antonelli, que poderiam ser cobrados por casos de pedofilia sob a gestão
deles.
-
No caso de todos os cardeais que assumiram cargo episcopal na Itália,
há um problema: a lei italiana não prevê a denúncia obrigatória (de um
suspeito de pedofilia) - diz Izzo, para quem o único com maiores chances
seria Angelo Scola, arcebispo de Milão.
Para
o vaticanista, pelo critério das mãos limpas, os italianos em melhor
posição seriam os da Cúria Romana, embora não haja uma figura de
destaque.
Também
houve denúncias de casos de pedofilia na diocese de Sidney, ocupada
pelo australiano George Pell, outro cardeal integrante do conclave que
poderia ser eliminado. Pell criticara Bento XVI um dia antes da renúncia
ao dizer, numa entrevista à televisão australiana, que o Papa Emérito
foi um professor brilhante, mas governar a Igreja "não era o seu forte".
PROGRESSISTAS X CONSERVADORES
Para
Izzo, se a Igreja deve ir para as mãos de um Papa conservador ou
progressista será uma questão marginal neste conclave histórico após a
renúncia extraordinária de um Papa, algo que não acontecia há 600 anos.
Até porque, segundo ele, a divisão entre conservador e progressista não é
preto no branco.
-
Ratzinger, considerado um conservador, inovou a própria figura do Papa,
ao introduzir esta ideia de que um Papa não precisa esperar morrer para
deixar o cargo. Isso é um ato progressista, embora eu ache que um pouco
perigoso - opina.
Marco
Politi, outro vaticanista em Roma, afirma que, sem dúvida, há
diferentes correntes no conclave. Para ele, o problema é que depois de
tantos anos de "conformismo" sob o comando de um conservador como Joseph
Ratzinger, está difícil identificar quem é, de fato, reformador. Isto
é, quem estaria disposto a enfrentar questões espinhosas como a crise da
falta de padres, o debate sobre casamento de sacerdotes e o papel da
mulher na Igreja.
-
Não sabemos o quão forte são os reformadores no conclave ou como pensam
os papáveis, porque nestes anos havia um clima de conformismo. Ninguém
dizia nada diferente do que dizia Ratzinger - disse, em entrevista à
rede de TV Euronews.
O
americano John Allen Jr, autor de diversos livros sobre a Igreja
Católica, entre eles, duas biografias de Joseph Ratzinger, disse ao
GLOBO que é uma ilusão imaginar uma mudança progressista com o olhar de
quem está fora da Igreja:
-
Estes sujeitos (os cardeais) não vão estar sentados fazendo debates
altamente ideológicos do tipo: devemos ou não ser contra o aborto?
Devemos ou não aceitar casamento homossexual? Não, não são essas coisas
que estão em jogo. Mudanças, como são definidas no mundo secular, não
estão na mesa. Eleição de Papa é sobre mudança de tom, não de
substância. Então, o que podemos esperar é isso: mudança de tom.
PERFIL Carlos Alberto França
O livreiro da imprensa
Um testemunho privilegiado do homem que vendeu literatura nas redações durante 40 anos
ARNALDO BLOCH
arnaldo@oglobo.com.br
Aposentado recentemente por problemas de saúde, França, como era conhecido, não deixa sucessor nos corredores de jornais, TVs, revistas e rádios, e leva consigo a história de quatro décadas de jornalismo vistas por um ângulo único
Deu no Ancelmo: França, o livreiro dos jornalistas, se aposentou. Dias depois Arthur Dapieve lhe dedicou uma crônica (http://tinyurl.com/aws47ao) que ecoou nas memórias recentes e antigas dos que o conheceram, e emocionou leitores que jamais o viram. Foi o gancho para uma pergunta: o que tem o França a dizer sobre os 40 anos durante os quais circulou pelos principais jornais, revistas, TVs e rádios da cidade?
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O futuro em boas mãos - JOÃO UBALDO RIBEIRO
O GLOBO - 03/03/2013
O principal partido de esquerda, o PT, tem como figura principal um político que afirmou nem ser, nem nunca ter sido, de esquerda. O presidente do Senado é de esquerda, o ex-presidente, também. Aliás, o PMDB é de esquerda. Qualquer crítico do governo é de direita
Como estamos vendo nos noticiários, a campanha eleitoral já começou. Acho um pouco cedo, mas o pessoal fica nervoso com a disputa e a ansiedade parece ser geral. A política, o governo e a administração do Estado são das mais nobres atividades a que o cidadão pode entregar-se, pois se trata de um admirável exercício de altruísmo, amor à coletividade e ao semelhante, de nobre renúncia a interesses subalternos e vantagens indevidas e até mesmo a projetos pessoais. O homem público epitoma a virtude, não no sentido piegas que estamos acostumados a associar a esta palavra, mas na dedicação resoluta e firme ao bem público e às aspirações e direitos dos governados, numa vida cuja maior recompensa será o zeloso cumprimento dessa missão e nada mais. E o Brasil está coalhado de gente disposta a sacrifícios extremos para servir ao país e levá-lo a um futuro de prosperidade, justiça, segurança e felicidade.
O GLOBO
O principal partido de esquerda, o PT, tem como figura principal um político que afirmou nem ser, nem nunca ter sido, de esquerda. O presidente do Senado é de esquerda, o ex-presidente, também. Aliás, o PMDB é de esquerda. Qualquer crítico do governo é de direita
Como estamos vendo nos noticiários, a campanha eleitoral já começou. Acho um pouco cedo, mas o pessoal fica nervoso com a disputa e a ansiedade parece ser geral. A política, o governo e a administração do Estado são das mais nobres atividades a que o cidadão pode entregar-se, pois se trata de um admirável exercício de altruísmo, amor à coletividade e ao semelhante, de nobre renúncia a interesses subalternos e vantagens indevidas e até mesmo a projetos pessoais. O homem público epitoma a virtude, não no sentido piegas que estamos acostumados a associar a esta palavra, mas na dedicação resoluta e firme ao bem público e às aspirações e direitos dos governados, numa vida cuja maior recompensa será o zeloso cumprimento dessa missão e nada mais. E o Brasil está coalhado de gente disposta a sacrifícios extremos para servir ao país e levá-lo a um futuro de prosperidade, justiça, segurança e felicidade.
O GLOBO
O novo já foi antigo - TOSTÃO
FOLHA DE SP - 03/03/2013
O retorno das duas linhas de quatro e da dupla de atacantes são as 'novidades' do futebol
As declarações do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ao jornal "O Estado de S. Paulo", de que é a favor da anistia das dívidas e da isenção fiscal dos clubes, alegando que eles não visam lucro, são absurdas e demagógicas, no momento em que o futebol é, cada vez mais, um grande negócio, com grandes negociatas.
Na Copa de 1966, a seleção inglesa, campeã do mundo, inovou ao jogar com duas linhas de quatro e dois atacantes. Um meia de cada lado voltava para marcar ao lado dos volantes. A única diferença desse antigo sistema tático para o atual, com três meias e um centroavante, é que havia uma dupla de atacantes, em vez de um meia de ligação e um centroavante.
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O retorno das duas linhas de quatro e da dupla de atacantes são as 'novidades' do futebol
As declarações do ministro do Esporte, Aldo Rebelo, ao jornal "O Estado de S. Paulo", de que é a favor da anistia das dívidas e da isenção fiscal dos clubes, alegando que eles não visam lucro, são absurdas e demagógicas, no momento em que o futebol é, cada vez mais, um grande negócio, com grandes negociatas.
Na Copa de 1966, a seleção inglesa, campeã do mundo, inovou ao jogar com duas linhas de quatro e dois atacantes. Um meia de cada lado voltava para marcar ao lado dos volantes. A única diferença desse antigo sistema tático para o atual, com três meias e um centroavante, é que havia uma dupla de atacantes, em vez de um meia de ligação e um centroavante.
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