quarta-feira, 10 de abril de 2013

O Rio de altos e baixos - ZUENIR VENTURA

O GLOBO - 10/04/2013

O carioca é ciclotímico em relação ao Rio, que costuma ser para ele a melhor ou a pior cidade do mundo. Aqui não há lugar para vice (os vascaínos que o digam). Nossa percepção e humor variam entre a euforia e a depressão. Até outro dia era a melhor, estava bombando. Vivíamos um momento histórico. A paz urbana finalmente chegara, os investimentos também, os turistas estavam adorando, os hotéis iam ficar superlotados. A cotação estava lá em cima. Tudo parecia pronto para a nossa gente bronzeada mostrar o seu valor nos próximos eventos: Jornada Internacional da Juventude, Copa das Confederações, Copa do Mundo, Olimpíadas. O Brasil, o Rio principalmente, comemoraram antes da hora. Acreditou-se no fim da violência, no milagre das UPPs, festejou-se tanto os novos tempos que a Brahma resolveu neutralizar as vozes que advertiam para os problemas não resolvidos. Contra o bordão "Imagina na Copa", ela lançou a resposta euforizante do pilequinho cívico: "Vai ser a melhor festa já vista." Diante desse clima de exagerado otimismo, atos de barbárie como o inominável estupro da jovem americana na van foram um brutal choque de realidade que abalou nossa autoestima e manchou nossa imagem. O risco agora, para a população, é cair na depressão e, para as autoridades, atribuir tudo de ruim ao acaso e à fatalidade.

Recebi e-mail do prefeito com reparos à coluna do dia 3. Cedo-lhe a palavra. Sobre o Elevado do Joá, ele diz que o chamado "estudo da Coppe" é na verdade "um estudo da prefeitura que contratou a Coppe para fazer um levantamento aprofundado que nunca havia sido feito. Perguntei então: devo interditar o elevado? Resposta: não. O que devo fazer? Demoraram dois meses para me apresentar uma solução definitiva de R$ 70 milhões, que está em execução. Jamais economizaria em tema como esse."

Sobre a TransOeste: "A empresa responsável pelo lote 2 ganhou a licitação e executou mal a obra. A fiscalização da Secretaria de Obras apurou o defeito e exigiu que fosse refeito. Não estamos gastando um tostão. É como se estivesse na garantia. Óbvio que eu preferia que empresas incompetentes não pudessem participar de processos licitatórios."

Sobre o Engenhão: "Essa é uma herança que recebi (junto com a Cidade das Artes). Quem construiu me trouxe um laudo apontando risco (supostamente por erro do engenheiro e seu modelo matemático). Não tinha outra alternativa a não ser interditar. E quem fez é que vai ter que pagar o conserto."

Para terminar, Eduardo Paes deixa no ar uma dúvida: "Temos aqui nossos defeitos, mas diria que nos dois primeiros casos os problemas e/ou soluções são de engenharia. No caso do Engenhão, não posso afirmar."