quinta-feira, 21 de fevereiro de 2013

Vida de carioca - Cora Rónai


Não acredito mais quando me falam em legado disso ou daquilo. Poiso atual velódromo não era ‘legado do Pan’?

Terminei a coluna da semana passada pedindo explicações ao Comitê Olímpico sobre o velódromo e o centro de treinamento de ginástica artística, que foram desativados embora estivessem novinhos; não me entra pela cabeça que equipamentos construídos para o Pan, em 2007, agora sejam considerados inadequados. Pois Claudio Motta, gerente de comunicação do COB, prontamente me mandou um e-mail:

A eleição do sucessor de São Pedro - FREI BETTO


Após a renúncia de Bento XVI, o governo da Igreja passa automaticamente às mãos do Colégio dos Cardeais, segundo regras redefinidas por João Paulo II, em 1996, no documento “Universi Dominici Gregis”. Logo que os cardeais chegam a Roma, este documento é lido. Sob juramento, os prelados ficam obrigados ao sigilo.

Com a renúncia do Papa, todos os cardeais da Cúria Romana, inclusive o secretário de Estado, que equivale à função de primeiro-ministro, são compulsoriamente demitidos. Apenas três permanecem em suas atuais funções: o camerlengo, responsável pela transição e eleição do novo Pontífice; o penitenciário-mor, pois deve ser mantida aberta a porta do perdão dos pecados reservados à Santa Sé, ou seja, aqueles que só ela pode conceder o perdão; e o vigário da diocese de Roma.

MARTHA MEDEIROS - Fim de férias

ZERO HORA - 20/02/2013

Passei duas semanas à beira-mar, caminhando, pedalando, rindo com os amigos e mergulhada em boas leituras. Aproveitei o descanso para me extasiar com Os Enamoramentos, de Javier Marias, para conhecer a ironia cativante de David Foster Wallace em seu Ficando Longe do Fato de já Estar meio que Longe de Tudo e voltei a consultar o filósofo Cioran, cuja amargura não deixa de ter um lado divertido. 


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LETICIA WIERZCHOWSKI - Dois livraços

ZERO HORA - 21/02/2013

A minha biblioteca costuma guardar lugar de honra para os romances, mas, neste verão, picada por algum bichinho, curiosamente eu me pus a ler uma série de livros de memórias, e dois deles me emocionaram muitíssimo – A Lebre com Olhos de Âmbar (ed. Intrínseca) e Só Garotos (Cia. das Letras). 


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Encontros de camundongos - Fernando Reinach

Fernando Reinach - O Estado de S.Paulo
 
É comum sentirmos prazer ao retornarmos a um local onde vivemos uma boa experiência. Uma cidade associada a uma paixão ou um restaurante onde começou um romance. Muitas vezes a memória desses lugares é tão forte que temos medo de retornar e nos decepcionarmos, mas é comum voltarmos buscando o prazer sentido no passado. Agora foi demonstrado que os camundongos fazem o mesmo: memorizam os locais onde sentiram prazer e retornam com frequência, buscando renovar a sensação. Mas, se no caso dos humanos são estímulos visuais que identificam o local, no dos camundongos é o cheiro de algumas gotas de urina.

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Para Cuba, com carinho - EUGÊNIO BUCCI

 O ESTADO DE S.PAULO - 21/02/2013

A visita da blogueira cubana Yoani Sánchez ao Brasil, esta semana, mobilizou opiniões de todo tipo. Ainda ontem, em Brasília, parlamentares reagiram de modos antagônicos à presença dela no Congresso Nacional. Uns, como o senador petista Eduardo Suplicy, puseram-se de pé para aplaudi-la. Outros torceram o nariz.Representantes de auto denominados" movimentos sociais" esgoelavam-se para xingá-la de "agente da CIA", etc., como já tinham feito no Recife.

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O Estado gerencial e o fordismo tupiniquim - RUDÁ RICCI

O ESTADO DE S. PAULO -21/02/2013


São dois projetos distintos e muito nítidos. A gestão FHC trouxe elementos da lógica e da estrutura organizacional empresarial para o interior do Estado. Não adotou a cartilha neoliberal que, aliás, é extremamente pobre, mas a lógica do Estado gerencial, que se alimentou de alguns elementos neoliberais. Já a concepção lulista estaria mais próxima do que a Escola da Regulação Francesa denominou de "fordismo". Um fordismo tardio, já que seu declínio nos EUA e Europa teve início a partir do choque do preço do petróleo na segunda metade dos anos 1970.

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Eleições unificadas - BETO ALBUQUERQUE

O GLOBO - 21/02/2013

Quase todo líder político tem em mente sua reforma política ideal. O mesmo vale para a imprensa, a academia, os partidos e as organizações representativas. Em cada pauta dentro desse tema, um emaranhado de sugestões se soma. Muitas polêmicas se abrem. Há teses para todos os lados - em grande parte, plausíveis. Porém, essa vastidão de ideias e meandros que o assunto desperta é um dos muitos motivos pelos quais a dita reforma não avança.


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Bilhar - LUIS FERNANDO VERÍSSIMO

Luis Fernando Verissimo - O Estado de S.Paulo
 
 
Da série Poesia numa Hora Dessas?!

"E essa agora?

Se o que explodiu sobre a

Rússia mostrou alguma coisa

foi que meteoro não tem hora."

O mais assustador do meteoro que cruzou o céu da Sibéria e explodiu no ar como várias bombas atômicas é que ele chegou sem ser anunciado. Com todas as atenções voltadas para o outro asteroide, o que passou de raspão, o asteroide da Sibéria entrou pela porta dos fundos sem ser detectado. A desculpa é que era pequeno demais para chamar a atenção e por isso os alarmes não funcionaram. Nossa ilusão, até agora, era que qualquer detrito espacial que se aproximasse de nós seria identificado e rotulado, e sua trajetória calculada até o último milímetro com grande antecedência, o que nos daria tempo para preparar o espírito - ou usar nossos cartões de crédito até o limite - no caso da colisão com a Terra ser inevitável. Agora sabemos que qualquer coisa menor do que meio campo de futebol pode chegar de surpresa e explodir sobre nossas cabeças. Só nos faltava essa.


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'Falando de Amor' - Pasquale Cipro Neto

Cá entre nós, a correlação, em segunda pessoa, entre 'Se soubesses' e 'não negavas um beijinho...' é maravilhosa

O incansável Wagner Homem (responsável pelo site de Chico Buarque, autor dos belos "Chico Buarque - Histórias de Canções" e "Toquinho - Histórias de Canções" e coautor, com Luiz Roberto Oliveira, do não menos belo "Tom Jobim - Histórias de Canções") me convida para o show de lançamento da obra relativa ao monumental Tom Jobim (nesta sexta, no Café Paon, em São Paulo).

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Janio de Freitas - Livres e proibidos

Código Penal, bem entendido, é nome fantasia. O verdadeiro é Código de Incentivo à Criminalidade

DE REPENTE, há tanto o que celebrar entre os fatos marginalizados pela renúncia do papa, que só mesmo a conveniente bajulação ao Judiciário sugere por onde começar. É pela original proteção criada, para quem tenha ou venha a ter questões na Justiça, contra a influência de empresas e pessoas endinheiradas sobre as decisões de juízes.

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José Simão - Uau! Naddad lança Bilhete Úmido!

Jogo de xadrez para crianças devia vir com um aviso: "Cuidado com o Bispo!"

BUEMBA! BUEMBA! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Pensamento do dia: eleição no Vaticano é conclave, eleição no congresso é conchavo! E na Venezuela, conchávez! E no condomínio, confusão! E prometo ficar um ano sem fazer trocadilho! Rarará!

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Contardo Calligaris - Para que serve a tortura?

A tortura tem, no mínimo, três fins não excludentes: 1) tortura-se pelo prazer enjoativo de quem tortura ou de quem assiste à tortura; 2) tortura-se para que um acusado confesse seu crime; 3) tortura-se para que um acusado revele a existência de um complô, os nomes de seus cúmplices etc. Será que a tortura consegue tudo isso?

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... e Yoani Sánchez, quem diria, acabou reprimida em Feira de Santana - Malu Fontes

Correio da Bahia - 20/02/2013

 

Cuba, todo mundo sabe, é aquela ilha caribenha governada há décadas por um ditador, que recentemente passou o poder a um irmão menos ancião, mas igualmente ditador. A ilha e seu regime são elogiadíssimos por brasileiros estrelados que, sempre do alto de suas coberturas em Ipanema e no Leblon, não cansam de tecer loas ao castrismo (antes, de Fidel e, agora, de Raul. Mas pergunte se algum deles gostaria de morar lá... Aliás, os comunistas brasileiros mais íntimos de Fidel são vistos sempre nas colunas sociais e políticas em altas rodas: passeios em barcos nababescos de empresários amigos, reveillòn e castelos em Paris e praias paradisíacas cujos spas têm diárias que alimentariam por uma década a família inteira de Yoani. Zé Dirceu e Fernando Morais que o digam. Nas balaustradas do Malecón ninguém aparece.

Aqui, na Bahia, desde o desembarque, segunda-feira, da blogueira cubana Yoani Sánchez, alçada ao posto de inimiga número 1 dos irmãos Castro, armou-se um alvoroço surreal. Um deputado estadual daqui, um líder estudantil dali e uns comunas de pijama dacolá entraram em pé de guerra, mais raivosos que índios quando se pintam de vermelho para a dança da guerra. O palco maior da cena até aqui? Feira de Santana, destino de Yoani imediatamente após desembarcar para participar do lançamento de um documentário sobre Cuba e do qual ela participa. Por pouco, a cubana não recebeu dos comunas de plantão em Feira tratamento semelhante ao dado aos integrantes da banda New Hit, em julgamento no Fórum de uma cidade ali por perto, Ruy Barbosa, acusados da prática de estupro coletivo contra fãs e, por isso, ameaçados de linchamento.

Se os amigos baianos de Fidel e Raul não se levassem tão a sério e não se acreditassem tão ameaçadores, estaríamos diante de uma comédia, com direito, inclusive, à participação coadjuvante do senador paulista Eduardo Suplicy, que se desterrou de suas bandas para dar apoio receptivo à moça. Impagável como sempre, nos telejornais de segunda à noite e terça Suplicy aparecia de dedo em riste e aos gritos, num arremedo do personagem mas recente de Tarantino, o destemido e incontido Django. Como um Django desarmado, Suplicy urrava para os comunistas incontíveis que não deixam Yoani falar nem tampouco entrar na sala de cinema para ver o documentário, cuja exibição foi cancelada. Gritava, com a mãozinha no alto e o dedão indicador chamando os protestantes para a briga retórica: “vem aqui discutir comigo, vem; seja corajoso, vem aqui discutir comigo”. Mais comédia, impossível. Um regime político que considera aquela moçoila uma inimiga que justifica até mesmo o envio de dossiês diplomáticos ao governo brasileiro sobre sua periculosidade ideológica só pode ser objeto de gargalhada.

Para dar à cena o frescor da juventude, estavam também meninos e meninas do movimento estudantil, essa categoria formada em grande parte por alunos que não querem jamais terminar a faculdade e odeiam estudar, justamente para não sair da universidade nem do movimento, pois é graças a este que circulam por aí custeados. Mesmo separado por décadas dos comunas de pijama, os jovens do movimento estudantil têm em comum com aqueles a aversão pelo direito de expressão de quem diverge de suas opiniões quanto às qualidades dos companheiros Lenin e Stálin, e o gosto pelo uso de termos como ‘imperialismo ianque’, para eles uma palavra tão atual quanto byte,  convergência e ziriguidum. A blogueira, por sua vez, de tão acostumada à repressão, está achando tudo lindo e democrático. Se chegasse um pouco antes, corria o risco de levar um pito de Oscar Niemeyer.

Malu Fontes é jornalista e professora de jornalismo da UFBA.