segunda-feira, 4 de fevereiro de 2013

Solução geral - ANDRÉ KFOURI

 O LANCE - 04-02-2013

André Kfouri - akfouri@lancenet.com.br


AVALANCHE

A diretoria do Grêmio promete preservar a área da geral de seu novo estádio, onde aconteceu um desagradável acidente na semana passada. A grade de proteção não suportou o peso da avalanche
após o gol de Elano contra a LDU, o susto deixou uma dezena de feridos. O fato de o primeiro jogo oficial da casa gremista não ter sido marcado por um desastre é um alívio, por diversos motivos. O principal é o óbvio. Outro é a possibilidade de discutir a questão com tranquilidade.

Vozes se levantaram contra a proibição do tipo de comemoração que parte da torcida do Grêmio gosta de fazer. Um tanto precipitadas, talvez, e condicionadas pela reação típica dos poderes a situações dessa natureza. Proíbe-se, nesses casos, apenas para dar uma satisfação. Passa-se ao largo da solução, por mais trabalhosa. O clube gaúcho agiu corretamente ao interditar o local para, primeiro, entender o que houve. Coleta de informações.

Desnecessário acrescentar que a grade em questão não poderia ter cedido. Não apenas porque o estádio é zero quilômetro. No projeto da Arena, a geral foi desenhada para acomodar o grupo de torcedores que faz a avalanche. Aquele é o lugar deles. Não é exagero dizer que a comemoração característica é tão parte da obra quanto os camarotes. Agrade estava ali para aguentar a avalanche. Foi feita para tanto.

A decisão sobre o futuro da geral passa por conversas com as autoridades em Porto  Alegre. A capacidade do local (cerca de 10 mil pessoas) foi reduzida para 8 mil torcedores para os jogos do final do ano passado, justamente por questões de segurança. Pelo mesmo motivo, foram instaladas barras antiesmagamento que diminuíram o espaço da avalanche. É necessário que se encontre uma configuração que permita que os gols do Grêmio e a avalanche convivam sem que as pessoas se machuquem. A opção mais fácil de todas é liberar e expôr os torcedores.A segunda mais fácil é proibir. A solução está no meio do caminho.

O pior resultado possível do acidente da quarta-feira não é o fim da avalanche. É a instalação de cadeiras num setor popular do estádio. A capacidade total cairia em cerca de 4 mil pessoas, privando o time
de apoio. E o torcedor perderia a chance de ver o Grêmio pagando menos pelo ingresso. A descaracterização da geral da Arena seria um equívoco do clube e um golpe para a torcida.

Volto ao exemplo do Borussia Dortmund, citado em coluna recente. A chamada Muralha Amarela” do Signal Iduna Park (o velho, histórico e espetacular Westfalenstadion) é um espaço de 25 mil pessoas atrás de um dos gols, que o clube reserva para torcedores de baixo poder aquisitivo, especialmente os jovens. Carnês para todas as rodadas em casa do Campeonato Alemão, e as três partidas da fase de grupos da Liga dos Campeões, custam 11 euros por jogo. Com cadeiras, o Dortmund lucraria mais 5 milhões de euros por ano, mas prefere “proteger” o torcedor que lota o setor.

Estádios, modernos ou não, devem ter lugares para todos os bolsos. No futebol brasileiro, não há missão mais importante do que ocupá-los. Que o Grêmio acerte em sua decisão.

Fábrica de sonhos e burgers - DANIEL GALERA


Descobri que havia um histórico perturbador de processos por causa de menções a marcas, empresas ou produtos em contexto negativo dentro de livros de ficção

Em meu livro “Até o dia em que o cão morreu” há um diálogo em que o narrador, um sujeito um tanto amargo e formado em Letras, informa à nova namorada que “deu aula em um desses cursos falcatrua de inglês, tipo Yázigi”. A namorada defende a escola de idiomas, dizendo que estudou lá durante sete anos e fala inglês muito bem. O narrador retruca: “É isso, eles levam sete anos pra ensinar inglês pra alguém.”
Isso está na edição original de 2003, uma publicação independente. Quando o livro foi reeditado pela Companhia das Letras, em 2007, a menção ao Yázigi precisou ser cortada, depois de uma, digamos, recomendação enfática dos editores. Descobri que havia um histórico perturbador de processos por causa de menções a marcas, empresas ou produtos em contexto negativo dentro de livros de ficção. A editora quase sempre perde. Também acontece de advogados oportunistas caçarem nomes de empresas fictícias para encontrar uma empresa real que tenha o mesmo nome e tentar descolar uma graninha.

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MAZZAROPI CULT

  • Documentário mostra importância de um dos maiores atores e campeões de bilheteria do Brasil

Mazzaropi
Foto: Marcio Arruda/08.06.1977
Mazzaropi 
RIO - Mito supremo do cinema rural no Brasil, capaz de enfileirar um blockbuster atrás do outro numa carreira de 32 filmes, Amácio Mazzaropi (1912-1981) morreu aos 69 anos rodeado por folclores das mais variadas espécies. O repertório de causos a seu respeito vai de (supostas) aventuras sexuais com galãs estreantes a maquinações (nem sempre generosas com seus funcionários) como homem de negócios, passando a hipóteses improváveis acerca da dilapidação de sua fortuna, estimada por alguns em R$ 30 milhões e por outros em R$ 300 milhões, mas nunca devidamente quantificada.

A mais recorrente das lendas é que apenas com os habitantes de Taubaté — cidade paulista onde construiu casa, produtora (PAM Filmes) e um império comercial — seus longas-metragens já pagavam seu custo de produção. O que vinha do resto do país, portanto, era lucro. Muitas dessas histórias — as mais saborosas — são relembradas (e algumas delas comprovadas) no documentário “Mazzaropi”, primeiro longa-metragem do crítico Celso Sabadin, já finalizado e à espera de uma data de estreia.

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A nova juventude - Carlos Alberto Di Franco

A Europa continua sob o fogo cerrado de uma crise econômico-financeira sem precedentes. Os números do desemprego na Espanha, por exemplo, são assustadores. Dados divulgados recentemente apontam que 26% da população está sem trabalho, totalizando quase 6 milhões de pessoas. Mais da metade dos jovens está sem emprego. Assiste-se ao comprometimento de toda uma geração. O país vive uma fuga crescente de jovens talentos. Em um ano, a população de 20 a 24 anos diminuiu em 100 mil pessoas; de 25 a 29 anos a queda foi de 150 mil. O impacto da crise entre os jovens preocupa as autoridades e suscita análises sociológicas.

A juventude europeia não foi preparada para a adversidade. A frustração apresenta uma pesada fatura: violência, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, aids e drogas. A ausência de cenários promissores compõe a trágica equação que ameaça destruir o sonho juvenil e escancarar as portas para uma explosão de contestação.

O quadro brasileiro é bem diferente. Felizmente. Temos, é certo, muitos problemas - violência, drogas, corrupção, desigualdade, baixa qualidade da educação -, todavia somos um país de gente alegre, com capacidade de sonhar. Expectativa de futuro define a vida das pessoas e o rumo das sociedades. "O Brasil", dizia-me um conhecido jornalista espanhol, "tem muitas coisas que não funcionam." Mas acrescentou: "Vocês têm problemas, porém têm alegria, fé, futuro. Nós, europeus, perdemos a esperança".

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ENTREVISTA Mary Sue Coleman

Reitora da Universidade de Michigan vê riscos para instituições com maior produção científica


Em aula. Estudantes em auditório na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos <252> Foto: Terceiro / Divulgação Universidade de Michigan
Em aula. Estudantes em auditório na Universidade de Michigan, nos Estados Unidos 
Na metade do século passado, o estado de Michigan vivia seu apogeu econômico, impulsionado pela indústria automobilística sediada em Detroit, até então a quarta maior cidade dos Estados Unidos, com dois milhões de habitantes. Naquela época, a Universidade de Michigan, a principal do estado, era mantida basicamente com recursos públicos, fonte de 70% de sua receita. A chegada dos carros japoneses, no entanto, foi um duro golpe na hoje decadente indústria automobilística local. Detroit, maior símbolo dessa crise, viu sua população encolher para 700 mil habitantes. Em muitas áreas, mais parece uma cidade-fantasma.

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A miragem do mensalão - Cláudio Gonçalves Couto

A condenação de importantes quadros políticos no julgamento do mensalão talvez tenha suscitado a miragem de uma revolução ética em curso no País, gerando uma redução drástica dos graus de tolerância com a corrupção, desvios de conduta e atitudes mal explicadas. Some-se a isto o sucesso da Lei da Ficha Limpa, que nas últimas eleições barrou País afora centenas de candidatos condenados em órgãos colegiados do Judiciário.

Imaginar-se-iam extintos episódios como a eleição de um Renan Calheiros para a presidência do Senado - ele que, há poucos anos, renunciou a esse cargo ao ser colhido num escândalo de pagamentos de pensão por lobista e notas fiscais obscuras em negócios com gado.

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PAULO SANT’ANA - O grilo e a abelha

Tenho ressaltado nos últimos dias a importância da fatalidade ao redor dos fatos humanos.

Notem bem o caso da jovem Mariana Lucher, com 23 anos, que sábado passado dirigia seu carro pela estrada, em Rosário do Sul, quando o veículo saiu da pista e foi se chocar contra um barranco.

Ocorre que havia uma colmeia de abelhas no barranco, que foi atingida pelo carro.

Não sei se a jovem estava dentro do carro ou foi despejada dele pelo choque quando as abelhas a atacaram.


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KLEDIR RAMIL - Outros carnavais

Bebia-se muito. Naquele tempo, éramos todos muito jovens, e o corpo aguentava coisas que não gosto nem de lembrar. Eu mesmo, hoje um abstêmio convicto e radical, fui parar duas vezes no pronto-socorro em coma alcoólico. Um deles durante o desfile do Carnaval de Pelotas, em que eu fazia o papel de Princesa do Bloco das Almôndegas.

Modéstia à parte, eu estava belíssima, enfiada num peignoir azul que minha mãe tinha usado na noite de núpcias. Arranquei suspiros na avenida e, máximo dos máximos, conquistei o coração de um velho bêbado. A ponto de ter que pedir ajuda aos amigos para me livrar do admirador que não largava do meu pé, ou melhor, da minha cintura.

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Paulo Brossard - Presidente negro no país de Lincoln

Cabe ao poder público fazer a sua parte. Mas fazer mesmo, sem escamoteações. Diminuiu muito a margem para os governantes lenientes e para os servidores relapsos.


Passada a primeira semana de comoção pelo dramático episódio de Santa Maria, o país precisa transformar a dor, a revolta e a indignação em ações pragmáticas destinadas a efetivamente assegurar um futuro melhor para seus jovens. Talvez precisemos de décadas ou mesmo de séculos para alcançarmos o estágio cultural de povos orientais que priorizam a educação, a ética e o cumprimento rigoroso das normas sociais, mas, enquanto isso não ocorre, podemos adotar medidas pontuais que assegurem avanços na segurança, na ordem pública e na preservação dos valores da vida _ independentemente da investigação policial em curso e das propostas de mudanças na legislação.

A questão mais premente no momento é a vistoria geral das casas noturnas e dos locais de grande afluência de público, para que não se repitam as condições de negligência que provocaram o desastre do dia 27 de janeiro. Entre as medidas esperadas e indispensáveis, está o cumprimento pelos empresários de todas as exigências da legislação e dos órgãos públicos responsáveis pela autorização de funcionamento de tais casas. Como diz o antigo ditado, quem não tem competência que não se estabeleça. Chega de tapeação, de puxadinhos, de transformar locais de diversão em armadilhas. Tais atitudes, invariavelmente motivadas pela ganância, tornaram-se ainda mais intoleráveis depois dos traumáticos acontecimentos de Santa Maria. E são criminosas _ não há mais como relevar isso.

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“A ética é meio, não é fim” - RENAN CALHEIROS

Conselhos que dou de graça ao recém-eleito presidente do Senado, Renan Calheiros  (PMDB-AL). Nada de voar em avião de carreira a não ser para o exterior. E sob a condição de ser o último passageiro a embarcar na primeira  classe, discretamente. Assim evitará o risco de ser  - ofendido pelos demais passageiros da econômica. Pelo mesmo motivo, nada de frequentar  shoppings. Em Maceió, talvez seja possível.

CUIDADO REDOBRADO quando estiver em Brasília. Aqui todo mundo conhece todo mundo. Nem mesmo disfarçado dá para bater perna à beira do Lago Paranoá. Matricular-se em academias? Nem pensar. Lembre-se: Brasília sediou as maiores manifestações pelo impeachment do ex-presidente Fernando Collor em 1992. E do ano passado para cá, passeatas e comícios contra a corrupção.

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Regulação da publicidade de alimentos - Luís Roberto Barroso

Valor Econômico - 04/02/2013


Um projeto de lei aprovado pela Assembleia Legislativa de São Paulo impunha restrições à publicidade de alimentos e bebidas, consumidos pelo público infantil, que contivessem alto teor de açúcar, gordura ou sódio. O projeto foi fundamentadamente vetado pelo governador. Dentre outras razões, a disciplina da publicidade é reservada à lei federal (Constituição, art. 22, XXIX). Vale dizer: leis estaduais ou municipais não podem proibir publicidade, por determinação constitucional expressa. Essa regra aumenta a visibilidade e a abrangência do debate, evita a multiplicidade de regimes jurídicos e reduz o risco de restrições arbitrárias.

O precedente de São Paulo assume uma importância ainda maior pelo fato de a mesma discussão estar sendo desenvolvida em outros Estados e até mesmo em alguns municípios. Em quatro deles - Belo Horizonte, Florianópolis, Goiás e Rio de Janeiro - já houve projetos igualmente vetados com fundamentação semelhante. Segundo os defensores desse tipo de iniciativa, o objetivo central é a proteção das crianças, que seriam mais vulneráveis ao efeito persuasivo da mídia e acabariam sendo induzidas ao consumo exagerado. Um propósito certamente legítimo e desejável. No entanto, o maniqueísmo é quase sempre uma representação precária e distorcida da verdade. Ninguém é contra a promoção da saúde infantil. A questão é definir como isso deve ser feito e de que forma esse objetivo deve ser conciliado com outros, também relevantes.

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A felicidade é prisioneira da má administração - Paulo Delgado

O Brasil é um país espinhoso e impreciso. A felicidade é prisioneira da má administração das cidades onde a autoridade, flagrada em omissão, clama pela redundância das leis. Entre nós, a esperança se escandaliza e vira pó. Em qualquer família estão os pais dos jovens triturados em Santa Maria. Tragédias evitáveis e arbitrariedades são manifestações replicantes do terror na vida cotidiana.

O plenário da Câmara dos Deputados não tem habite-se e reúne mais deputados do que o Brasil precisa. Superlotado, o lúgubre vespeiro que é seu interior não resiste ao pânico. Se houver sincera agitação, por medo ou violência metade dos deputados morre esmagada, para alegria de quem não vê seriedade na política. Não há janelas, saída de emergência, tudo é carpete, pelas portas não passam duas pessoas às pressas. Até recentemente, nos ministérios não havia escadas contra fogo. Quem rumina mórbidas fantasias da destruição dos três poderes fique sabendo que a maioria das prefeituras, fóruns e câmaras de vereadores funciona sem alvará.

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Um brasileiro na OMC, para que, afinal? - Sergio Leo

Valor Econômico - 04/02/2013
 

Quem se pergunta qual a importância, para o Brasil, de um candidato do país à direção-geral da Organização Mundial do Comércio deveria refletir sobre outra pergunta, mais relevante: qual a importância da OMC para o Brasil? É a resposta para essa indagação que justifica o lançamento do diplomata Roberto Azevedo como candidato ao comando dessa instituição multilateral. É também essa questão que permite situar mais corretamente certas críticas fora de foco à estratégia de negociação comercial adotada nos últimos anos pelo Brasil.

É frequente e equivocada a comparação entre o Brasil e países como Chile e México, os brasileiros atrelados ao Mercosul, com uma rede medíocre de acordos de livre comércio, e os outros dois (com Colômbia, Peru e outros) ligados a uma rede em expansão de acordos de redução de barreiras comerciais. O primeiro equívoco é atribuir a falta de acordos exclusivamente ao governo e à suposta influência do "lulopetismo" na estratégia comercial, como se não fosse o influente setor privado brasileiro um dos maiores opositores, no passado e mais ainda agora, à derrubada de tarifas e barreiras que orienta toda negociação de comércio.

A Ucrânia e o Paquistão são aqui - Renato Janine Ribeiro

Valor Econômico - 04/02/2013

Justiça ganha poder graças à corrupção política

Em 2012 as paixões se exaltaram no Brasil, com o julgamento de um caso que até no nome mostrou uma divisão política acentuada: mensalão, diziam uns, Ação Penal 470, diziam outros. O Judiciário condenou o líder petista que foi o principal ministro do primeiro governo Lula. A discussão do assunto tem-se confinado ao Brasil. Mas a experiência do maior país da América Latina encontra paralelos numa potência regional da Ásia, o Paquistão, e num dos principais Estados que saíram da ex-União Soviética, a Ucrânia.


Yulia Tymoshenko ficou famosa pela imagem e pela ação. Ela é a loura de cabelos trançados que em 2004 liderou a Revolução Laranja, contra o governo da Ucrânia, que teria fraudado as eleições. Depois de intensas manifestações, com a simpatia da mídia internacional e o apoio dos governos ocidentais, ela chegou ao poder. Com idas e vindas foi primeira-ministra da Ucrânia até 2010, quando perdeu as eleições - e logo foi condenada à prisão. Responde a outros processos.

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Cachorro louco - José de Souza Martins

Devo a vida ao Instituto Pasteur de São Paulo. Minha tia Sebastiana me dizia: "Ocê nasceu porque vossa mãe foi mordida por um cachorro louco". Minha mãe, ainda solteira, morava na roça, no bairro do Arriá, no Pinhalzinho, quando foi mordida por um cão hidrófobo, aí por 1936. Morto o animal a tiros, teve a cabeça cortada e colocada num saco de estopa. Meu tio Pedro desceu a Serra das Araras a cavalo, levando o embrulho e, em outro cavalo, minha mãe e sua irmã mais velha para que tomassem o trem em Bragança e viajassem para São Paulo. Da Estação da Luz foram para o Instituto Pasteur, na Avenida Paulista. Entregaram a cabeça do cachorro, para confirmar a hidrofobia. 

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Tragédia pastelão - Lúcia Guimarães

Um bunker subterrâneo abriga, no começo do fim de semana, enquanto escrevo, um menino de 5 anos que chora pelos pais. O bunker foi construído por Jimmy Lee Dykes, de 65 anos, conhecido num município rural do Alabama por se trancar lá dentro por vários dias. Tem eletricidade, comida e TV. Por um tubo de ventilação, a policia passou remédios para o menino refém, que sofre de autismo. O garoto foi arrancado por Dykes do ônibus escolar, depois que seu captor executou o motorista do ônibus que se havia se recusado a entregar dois outros meninos.

O captor armado é possivelmente doente mental. Mas, na narrativa fronteiriça americana, pode se passar por um excêntrico com temperamento violento, exercitando seus direitos fantasiosos sob a segunda emenda da Constituição. Ele estava intimado a comparecer a um tribunal depois de ter feito disparos contra uma vizinha, o filho e o neto da mulher, aborrecido com uma disputa por um quebra-molas na estrada de terra batida onde vive.


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Entrevista da 2ª Zeca Pagodinho

Não tem mais Carnaval, acabaram com o que é da cultura, roubaram tudo


Sambista diz que não há mais bailes nem enfeites pelas ruas do rio e arma sua própria festa em xerém
ROBERTO DIASENVIADO ESPECIAL AO RIO Zeca Pagodinho acaba a entrevista, cantarola Bezerra da Silva ("Favela quando é favela, não deixa morar delator") e conta logo qual é a boa: "Vou no jogo [do bicho] ali um bocadinho. Todo dia vou para o maldito daquele jogo. Ah, mas é ali que eu sei de tudo: que barracão que está pronto, quem vai sair. Sambista, jogo, futebol e bicheiro: está todo mundo junto."

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Aécio Neves - Ladeira abaixo

Além do aumento do preço da gasolina, anunciado pelo governo federal, a Petrobras voltou a entrar em evidência, semana passada, ao perder o posto de maior empresa da América Latina.

O jornal "Financial Times", um dos mais respeitados no mundo na área financeira, colocou a colombiana Ecopetrol no topo do ranking das empresas de maior valor de mercado. As ações da Petrobras perderam 45% do valor ao longo dos últimos três anos, de acordo com a publicação britânica.

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Luiz Felipe Pondé - Relojoeiro cego

Vejo mesmo o comercial: "Dê a seu filho o que você tem de melhor, Bradesco Biotecnologia"
Você vai ao médico, ele pede um exame de sangue e você descobre que seu filho terá síndrome de Down. O que você faria?

Pensará nos custos? Você não é uma pessoa excepcionalmente egoísta, mas, em meio a sua agenda, como conseguirá lidar com uma criança assim? A agenda já é pesada com trabalho, sexo top (lembre-se: gostosa sempre!), estudos na pós-graduação (afinal, hoje em dia é imperativo agregar valor à vida profissional e pessoal), férias...

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