sábado, 16 de fevereiro de 2013

SABÁTICO

GUERRA E PAZ NA HISTÓRIA AFRICANA

Mayombe e A Geração da Utopia, do angolano Pepetela, radiografam os impasses de um país em busca de identidade

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CONFLITO, CHOQUE E FRACASSO

Tema da corrupção conduz a trama de romance do nigeriano Chinua Achebe

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À VONTADE ENTRE O ERUDITO E O POPULAR

Toda Poesia, de Paulo Leminski (1944-89), reafirma o legado revolucionário da obra do curitibano – uma mistura de lirismo e rigor que ainda hoje, mais de duas décadas depois de sua morte, desafia a crítica

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EXPRESSÕES DO OCIDENTE E ORIENTE

Autor publicou também ensaios, traduções, biografias e ficção, num esforço para assenhorar-se das tradições do fazer literário

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PÁGINAS DA MEMÓRIA E DO INCONSCIENTE

Reedição de O Tempo Redescoberto, que encerra o clássico ciclo de romances do francês Marcel Proust, convida à reflexão sobre o original olhar do autor a respeito do homem e da literatura

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Poesia transcedental

Tiganá Santana mescla filosofia, candomblé e um violão misterioso em novo álbum
Tiganá usa afinação personalizada em violão de apenas cinco cordas, e não seis - Divulgação
Tiganá usa afinação personalizada em violão de apenas cinco cordas, e não seis
 
Emanuel Bomfim - O Estado de S.Paulo
 
Eis o nó: onde colocar Tiganá Santana? Seria um trovador folk de linguagens afro-brasileiras? Na Escandinávia, onde seu nome já virou manchete de jornal, as comparações o situaram ao lado da melancolia acústica do britânico Nick Drake. No Brasil, do pouco que se disse, há uma evocação a Milton Nascimento, em grande medida, pela ternura da voz médio-grave e o refinamento jazzístico. O discurso do próprio, de apelo existencial-filosófico, corrobora com a falta de rótulos precisos: "Aí está o sentido de criar: provocar alguns setores dentro do outro, e também da gente mesmo, com algo que não pertence à determinada corrente. É sair do comportamento de rebanho", provoca.

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A hora de dizer não - Ruth de Aquino

"Chega um momento na nossa vida em que devemos renunciar”, disse na semana passada o sociólogo e filósofo francês Edgar Morin, com vigor e lucidez aos 91 anos. Renunciar a uma ou mais coisas que pareciam essenciais antes. Renunciar a um cargo, a uma paixão, um desamor, uma obsessão, uma disputa, uma vaidade, ao sol a pino, à carne vermelha no jantar, seja lá o que for. Saber dizer não com serenidade pode ser um ato revolucionário e de liberdade individual.


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DIOGO OLIVIER - A Copa do Mundo é nossa

Toda vez que o secretário-geral da Fifa cobra agilidade nas obras para a Copa de 2014, um espírito nacionalista ultrapassado e velho brota dos rincões mais profundos. O papel de Jérôme Valcke é este mesmo, o de xerife da organização do Mundial. Se ele não puder exigir tudo dentro dos conformes em um evento patrocinado pela entidade que gerencia, então o melhor a fazer é pedir para sair, como diria o Capitão Nascimento.

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ESTAR VIVO, AQUI E AGORA - SILVIANO SANTIAGO

Distantes no espaço e afastadas no tempo, três manifestações da arte de esculpir em cera merecem ser associadas hoje por uma leitura que eu diria pop e artesanal. Proporei como contexto o retorno do hiper-realismo à produção nossa contemporânea. Essa é a proposta da coluna deste sábado, decorrente da anterior em que, com marco inicial nos primórdios da Renascença florentina, fizemos um levantamento do uso da cera de abelha como material escultórico identificado - até no uso metafórico da palavra - com a tonalidade da pele e o aspecto do semblante humano. A não esquecer que a expressão "estar fazendo cera" significa fingir: que se joga futebol de verdade ou se namora para casar. O potencial de verossimilhança da "cera" a favoreceu para se chegar ao naturalismo ilusório em escultura.

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A Origem do Mundo,de Courbet - SÉRGIO TELLES

O quadro A Origem do Mundo tem uma história curiosa à qual se acrescentou um novo capítulo semana passada. A tela foi pintada em 1866 por Courbet, a pedido de Khalil Bey, diplomata turco-egípcio e colecionador de quadros eróticos, que a possuiu até o momento em que, arruinado pelo jogo, teve sua coleção leiloada. Em 1889, o quadro foi encontrado num antiquário pelo escritor francês Edmond de Goncourt e, posteriormente, comprado por um nobre húngaro que o levou para Budapeste, onde escapou da pilhagem realizada pelas tropas russas no fim da 2.ª Guerra. Trazido de volta a Paris, foi comprado por Jacques Lacan, que o mantinha em sua casa de campo em Guitrancourt, na qual o exibia ritualisticamente aos seus convidados. Após a morte de Lacan, a família cedeu o quadro ao Museu d'Orsay dentro das negociações com o Estado francês em torno de impostos referentes à transmissão de herança.

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2014 à vista - Luiz Werneck Viana

Há algo de estranho no ar, pois essa aceleração do tempo político que presenciamos não é normal. Ainda estamos nos prelúdios de 2013, sem saber o que o resto dos seus dias nos promete, se boa safra ou tempos aziagos. Contudo, bem longe do porto, ainda em alto oceano, já se ouvem vozes anunciando terra à vista e de preparação de desembarque próximo. De um salto estaríamos chegando a 2014, o ano da sucessão presidencial. A tripulação que nos dirige, velha de guerra de dez anos na função, estaria procurando atalhos para encurtar o tempo como manobra para evitar a aproximação de temíveis naves inimigas ou teme motim a bordo na sua coalizão?

A oposição mal começa a reunir forças, não conhece um comando único, nem sequer são enunciadas as linhas gerais do seu diagnóstico sobre o estado social da Nação, sobretudo o seu programa alternativo de governo ao que aí está. Sabe-se, de certo, do seu empenho em elucubrações em matéria de análise econômica, trincheira em que é agente passivo, mera observadora dos fatos que, mantidos na toada atual, principalmente quanto à inflação, poderiam fazer a roda da fortuna girar a seu favor.

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(Des)acordo ortográfico

Pesquisador português aponta diferenças entre vocabulários editados no Brasil e em Portugal




Pesquisador português aponta diferenças entre vocabulários editados no Brasil e em Portugal

Por Leonardo Cazes

As dúvidas quanto ao uso dos acentos e hífens no novo Acordo Ortográfico da língua portuguesa não se resumem aos leigos. O pesquisador Rui Miguel Duarte, do Centro de Estudos Clássicos da Faculdade de Letras de Lisboa, analisou diferentes vocabulários ortográficos editados no Brasil e em Portugal e constatou diversos exemplos de divergência entre eles. Duarte identificou alguns pontos em que as obras não respeitam as próprias normas estabelecidas no texto da reforma. A maioria dos problemas está em publicações portuguesas, como o Vocabulário Ortográfico do Português (VOP), elaborado pelo Instituto de Linguística Teórica e Computacional (ILTEC) e apontado pelo governo de Portugal como livro de referência; e o Lince, ferramenta de consulta online desenvolvida pelo mesmo instituto. Mas também há erros no Vocabulário Ortográfico da Língua Portuguesa (Volp), produzido pela Academia Brasileira de Letras (ABL).



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O futuro dos índios: entrevista com Manuela Carneiro da Cunha

Em “Índios no Brasil: História, direitos e cidadania” (Companhia das Letras), a antropóloga
Manuela Carneiro da Cunha reúne ensaios das últimas três décadas sobre temas como a
demarcação de terras e as mudanças na Constituição. Nesta entrevista, a professora da
Universidade de Chicago, convidada pelo governo federal para desenvolver um estudo sobre
a relação entre os saberes tradicionais e as ciências, critica o ‘desenvolvimentismo acelerado’
da gestão Dilma e defende ‘um novo pacto’ da sociedade com as populações indígenas

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O peso de uma herança - Zuenir Ventura

O GLOBO - 16/02/2013

No terreno da moral, houve pouco
avanço. Menos por vontade
de transparência e mais por
vazamentos é que os escândalos
financeiros e sexuais vieram à tona

Sou do tempo em que falar mal do Papa, ou simplesmente criticá-lo, era uma heresia, um pecado, mesmo que ele fosse Pio XII. Coroinha aos nove anos, cresci ouvindo histórias edificantes sobre ele, para só mais tarde descobrir sua omissão em relação ao nazifascismo durante a II Guerra Mundial. De lá para cá, principalmente após o Vaticano II, a Igreja Católica se abriu mais. Por meio do aggiornamento promovido por João XXIII, ela se atualizou e, sem subverter os dogmas, procurou adaptar-se ao mundo moderno, adotando a liberdade religiosa, o ecumenismo e a reforma da liturgia. Mas, no terreno da moral, houve pouco avanço. Menos por vontade de transparência e mais por vazamentos é que os escândalos financeiros e sexuais vieram à tona para comprometer o pontificado de Bento XVI, que sai queixando-se da “hipocrisia religiosa” e das “divisões do corpo eclesiástico, que desfiguram a face da Igreja”.

Nesse ambiente obscuro de intrigas, traições e luta pelo poder, surgem personagens que parecem saídos de Brasília, como esse Roger Mahony, ex-arcebispo ficha-suja de Los Angeles, que durante 25 anos acobertou criminosamente o abuso sexual de mais de 500 meninos e, em vez de ir para a cadeia, vai agora para o Senado, ou melhor, desculpem, para o conclave escolher o novo Pontífice.

Em matéria de herança indesejada, o próprio Joseph Ratzinger tem respingos na sua ficha. Em 2010, diante da explosão de ocorrências de pedofilia na Igreja de vários países, ele teve que enfrentar fortes pressões para que renunciasse, acusado de ter escondido milhares desses casos quando era bispo na Alemanha e cardealchefe da Congregação para a Doutrina da Fé. Resolveu a crise encontrando-se com as vítimas e pedindo desculpas pelos abusos cometidos por membros do clero. O “New York Times” chegou a acusá-lo de ter se recusado a punir em 1996 um sacerdote americano que molestou repetidamente 200 crianças surdas. Essas feridas no corpo e na alma da Igreja Católica ainda não tinham cicatrizado, quando estourou outro escândalo, esse em outra área, o “Vatileaks”, o vazamento das cartas enviadas pelo núncio nos EUA, Carlo María Viganò, denunciando “corrupção, prevaricação e má gestão” na administração vaticana. O mordomo e confidente confessou o roubo, alegando que queriaprovocar um “choque para colocar a Igreja no bom caminho”. Condenado a 18 meses de prisão, acabou recebendo a visita do Papa, que foi pessoalmente anunciar o seu indulto.

Lendo o que foi dito nesses últimos dias por especialistas e teólogos, chega-se à conclusão de que o novo Papa vai precisar de muita disposição e saúde para se desfazer dessa herança maldita.

A cidade se transforma - LUIZ FERNANDO JANOT

Desde as reformas promovidas por
Pereira Passos, muitas obras de urbanização
foram feitas no Rio sem o
aval da população. As atuais precisam
ser debatidas. Não será o poder
público que irá tomar a iniciativa de
reabrir as discussões

 As cidades são organismos vivos sujeitos a transformações ao longo da sua história. Esse processo contínuo decorre de ações do poder público e da iniciativa privada através da ocupação e renovação dos espaços urbanos. Na maioria das vezes, as propostas de intervenção nas cidades são precedidas de estudos, pesquisas e diagnósticos para viabilizar sua implantação. No Rio, podemos citar as aberturas dos túneis Rebouças e Santa Bárbara como exemplos representativos de intervenções transformadoras da estrutura urbana da cidade. Existem, também, as intervenções localizadas para atender, em curto prazo, as necessidades prementes da vida urbana. O Projeto Rio Cidade, implantado em vários bairros cariocas durante a década de 1990, pode ser classificado como um tipo de intervenção localizada. Ele destinava-se a valorizar a ambiência urbana e a requalificação espacial dos principais eixos estruturadores do comércio nesses bairros. O emprego compartilhado dessas duas modalidades de intervenção urbana é perfeitamente compatível e coerente com a natureza das grandes cidades.

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ENTREVISTA Mário França

  • Mário França crê que o modelo atual da Santa Sé trai a origem da fé católica
Transição. Bento XVI caminha após sua audiência no Vaticano na quarta-feira: seu sucessor vai herdar uma série de desafios e problemas que o Papa atual não conseguiu resolver, desde escândalos na Igreja à disputas internas por poder na Cúria de Roma Foto: Tony Gentile/Reuters
Transição. Bento XVI caminha após sua audiência no Vaticano na quarta-feira: seu sucessor vai herdar uma série de desafios e problemas que o Papa atual não conseguiu resolver, desde escândalos na Igreja à disputas internas por poder na Cúria de Roma Tony Gentile/Reuters
Por onze anos, Mário França, 76, fez parte da Comissão Teológica do Vaticano, onde conquistou o respeito do então cardeal Joseph Ratzinger. Hoje, professor da PUC-Rio e autor de obras sobre a teologia, defende uma nova Igreja, longe da hierarquia e das ortodoxias de Roma, e com espaço para gays e padres casados.

Queda do número de católicos desafia a Igreja no Brasil

  • Em 10 anos, percentual de adeptos recuou de 73% para 64%
  •  
  • Segundo o IBGE, o Rio é o estado com menor percentual de católicos no país: 45,8%
Marcelle Ribeiro 

De partida, Papa Bento XVI foi criticado por acelerar debate para indicar banqueiro
Foto: MAURIZIO BRAMBATTI / AFP
De partida, Papa Bento XVI foi criticado por acelerar debate para indicar banqueiro 
SÃO PAULO — Com número de fiéis em queda no Brasil, o catolicismo pode ganhar fôlego no país caso o sucessor do Papa Bento XVI adote uma postura menos doutrinária, mais próxima à realidade dos fiéis, e escolha bispos mais dinâmicos. É a avaliação de especialistas ouvidos pelo GLOBO, que toma como base o declínio da população católica nos últimos anos, medido pelos números do último Censo do IBGE.

A Mocidade de Ivo - SÉRGIO PUGLIESE

 As estripulias do filho de dona Cepia para montar seus times

Sempre que Dona Cepia flagrava o filho trocando o Colégio Guarani pelos campinhos de futebol, o castigo era inevitável e ele era obrigado a lavar as próprias cuecas. A notícia espalhou-se pela vizinhança, mas os amiguinhos precisavam ver para crer. E como o moleque matava aula dia sim e o outro também, a missão foi tranquila. Um dia escalaram o muro e deram de cara com Ivo, no tanque, emburrado, cumprindo a pena. Não perderam a chance e de lá mesmo gritaram “Ivo Lavadeira!!!”. O apelido pegou fácil, fácil. Hoje, seria bullying, mas naquela época, década de 40, era encarnação.

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Fernando Deeplick, o novo rei do remix nacional

  • DJ, produtor e compositor criou um híbrido dançante com sabor local ao usar conhecimentos de eletrônica na MPB
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  • Paulista ganhou prestígio junto a artistas como Vanessa da Mata, Gabriel O Pensador e Carlinhos Brown


O produtor Fernando Deeplick
Foto: Agência O Globo / Marcos Alves
O produtor Fernando Deeplick 
RIO - Na leitura das fichas técnicas dos discos que são lançados a cada dia no país, o nome Fernando Deeplick tem aparecido com uma notável frequência. Além de ser autor de remixes de grande sucesso, nas pistas e no rádio, para astros como Vanessa da Mata (“Ai, ai, ai”), Seu Jorge (“Burguesinha”, “Mina do condomínio”) e até a colombiana Shakira (que chegou a incluir em seu show elementos da recriação que ele operou na faixa “She wolf”), esse paulista de São Bernardo do Campo, de 36 anos, ainda vem se destacando, nos últimos anos, como produtor e compositor.

A FORÇA DO SOCIAL E DA MULHER

  • Temas relevantes e personagens femininas marcam filmes favoritos aos Ursos de Ouro e de Prata
Carlos Helí de Almeida 

O diretor iraniano Jafar Panahi em cena de seu filme “Closed curtain”, que estabelece uma metáfora sobre a condição do cineasta, proibido de filmar em seu país
Foto: Divulgação
O diretor iraniano Jafar Panahi em cena de seu filme “Closed curtain”, que estabelece uma metáfora sobre a condição do cineasta, proibido de filmar em seu país 
BERLIM - A seleção de filmes da competição do Festival de Berlim deste ano foi marcada por dois elementos poderosos: personagens femininas fortes e temas sociais e culturais relevantes para o momento que atravessamos. E é bem provável que os dois aparecem combinados na cerimônia de premiação marcada para sábado à noite, quando serão revelados os vencedores da 64ª edição da maratona alemã.

A volta de ‘House’ - Arnaldo Bloch


O novo House é inglês, mora em Nova York, e seu Watson é uma chinesa

É possível que os fãs de “House”, a série de TV por cuja extinção, repentina e cruel, mais se chorou nos últimos anos, queiram me crucificar pela analogia feita neste texto, mas vou em frente, destemido, como faria Gregory num de seus palpites nem sempre bem recebidos à primeira vista: “Elementary”, a mais recente adaptação do clássico Sherlock Holmes, desta vez para o terreno dos episódios, cuja primeira temporada passou na virada de 2012 para 2013 no Universal Channel, é, na verdade, a ressurreição do amado personagem interpretado por Hugh Laurie, não por acaso, ou por acaso mesmo, poucos meses depois do fim de “House”, e no mesmo canal. Deixo para os especialistas em estratégias midiáticas as investigações sobre a intencionalidade ou não do advento e vou logo às evidências com as quais pretendo provar minha teoria.