sábado, 7 de junho de 2014

O grande Samuel Wainer - Plínio Barreto


Estado de Minas: 07/06/2014

 

Gênio sonhador e ingênuo retratado nas memórias de Danuza Leão, conforme afirma minha grande amiga, Cleia Batista, a personalidade de Samuel Wainer supera qualquer rótulo que se lhe queiram atribuir.

Posso dizer que foi, para mim, uma grande honra ter trabalhado por alguns meses sob a batuta deste grande jornalista. A vontade de viver novas experiências, conhecer outro ambiente jornalístico e o excelente profissional que me queria por perto, foram maiores que a razão. A razão me dizia pra ficar por aqui, considerar a segurança de um emprego público e a necessidade que a família tinha da minha presença. Mas segui o coração: requisitei minhas férias-prêmio e me mandei para o Rio de Janeiro.

Durante o breve período em que trabalhei no jornal Última hora, pude perceber a figura humana e cheia de carisma daquele gênio do jornalismo. Sem medo de errar posso afirmar que talvez tenha sido uma das mais aguçadas inteligências do nosso meio, detentor de “faro” que só os verdadeiros repórteres desenvolvem. Além do brilho profissional, um homem alegre e humano, amigo dos amigos, pai e marido carinhoso. Lembro-me da Danuza entrando na redação, rumo à sala do “chefe” portando um “barrigão” da gravidez de seu segundo filho – o Samuca.

Samuel Wainer exibia sempre um leve sorriso no canto dos lábios, os óculos por sobre a testa, o olhar atento do repórter que habitava nele. Sabia incentivar os jovens como eu, tirar o melhor do profissional, instigar e reconhecer valores e, sobretudo, valorizar o trabalho em equipe. Sempre circulando pela redação, pelas oficinas, corrigindo, ponderando, elogiando. Era também, extremamente metódico: ao encerrar mais um dia de profícuo trabalho, deixava sempre a sua velha Remington de pernas pro ar – teclado pra cima – como se reconhecesse que a companheira precisasse descansar durante a noite, na sua ausência.