sábado, 16 de novembro de 2013

‘NÓS AMAMOS AS MULHERES’ [DOMENICO DOLCE E STEFANO GABBANA]

O Globo 16/11/2013

ESTILISTAS DOMENICO DOLCE E STEFANO GABBANA FALAM DA LOJA QUE VÃO ABRIR EM DEZEMBRO NO RIO, DO NAMORO QUE TERMINOU E DE PROCESSOS NA JUSTIÇA ITALIANA



O CARINHO NÃO ACABOU’



GILBERTO JÚNIOR
gilberto.junior@oglobo.com.br

A Dolce & Gabbana tem planos ambiciosos para o Brasil. Depois de inaugurar lojas em São Paulo, a grife italiana abrirá as portas em dezembro no Rio, no Shopping Leblon, ao lado de Burberry, Red Valentino, Salvatore Ferragamo e Versace. A expansão territorial da marca por aqui — Brasília, Recife, Curitiba, Porto Alegre, Belo Horizonte e Campinas também estão na mira — acontece em momento turbulento. Os estilistas Domenico Dolce e Stefano Gabbana travam uma batalha contra a Justiça italiana, que os acusa de sonegação de impostos.

Nada que atrapalhe a criatividade dos designers. A dupla apresentou uma das coleções mais elogiadas da última edição da semana de moda de Milão. Para o verão 2014, a Dolce & Gabbana mostrou, como faz desde 1985, peças femininas e sensuais. E sempre com a italianíssima combinação de religião e sexo que é marca da grife. Madonna não é fã à toa.



Como se conheceram, já que um nasceu na Sicília e o outro em Milão?
Domenico Dolce:
Eu me mudei da Sicília para Milão no final dos anos 1970. Queria escapar do mundo onde cresci. Tudo acontecia em Milão. Eu queria estar no centro de toda essa energia.Stefano Gabbana: Nos conhecemos nos anos 1980. Depois que eu terminei os estudos, comecei a trabalhar como designer gráfico. Mas percebi que não era o que eu gostaria de fazer. Naquela época, em Milão, todo mundo só falava de moda. E eu tinha paixão por roupas. Mas eu não sabia nada sobre o assunto. Por meio de um amigo, ouvi dizer que um designer estava à procura de um assistente. No dia da entrevista, o estilista não estava no escritório. A pessoa que veio abrir a porta foi...
Domenico: Eu... E o contratei para trabalhar no ateliê.
Stefano: Ele me ensinou tudo. Domenico era muito paciente comigo.


Como surgiu a ideia de criar a grife? Podem dizer como foram os primeiros anos do negócio?
Stefano: Tudo aconteceu por acaso. Nosso primeiro escritório ficava num prédio repleto de advogados. Quando chegou o momento de escolher o nome da empresa, bastou colocar uma placa na porta com os nossos sobrenomes, como se fosse um escritório de advocacia.
Domenico: No início, dávamos consultoria para muitas marcas. Certo dia, recebemos um telefonema da Camera della Moda nos convidando para participar dos desfiles de novos talentos. Era junho e o show aconteceria em setembro.


É verdade que vocês usaram suas amigas como modelos no primeiro desfile por falta de dinheiro?
Stefano: Conhecíamos muitas meninas diferentes, incluindo atrizes, artistas, dançarinas, arquitetas e até professoras universitárias.
Domenico: Mas se as mulheres eram “reais”, os tecidos e os volumes eram muito novos e pouco convencionais.


Como é uma mulher real?
Domenico: Não temos uma musa. Nossa mulher é uma mistura do que nós amamos em mulheres bem diferentes, como Sophia Loren, Anna Magnani, Monica Bellucci e Madonna.
Stefano: É uma mulher que sabe o que quer, mas não é agressiva. Ela é capaz de atingir seus objetivos com mansidão.


Scarlett Johansson, Madonna e Kylie Minogue sempre são vistas com suas criações. O que a marca tem que agrada tanto às celebridades?
Stefano: Você deveria perguntar para elas. Quero acreditar que temos um relacionamento próximo com as estrelas porque elas se sentem bem com nossas roupas.
Domenico: Nós amamos as mulheres. Tanto que nosso único objetivo é fazê-las se sentir bonitas. Provavelmente, essa é a razão pela qual elas gostam de usar nossas peças.
Stefano: Algumas celebridades viram nossas amigas após termos iniciado uma relação profissional.
  

Além de parceiros de negócios, vocês tiveram um longo relacionamento... Como era trabalhar ao lado do namorado?
Stefano: Fácil. Nossa forma de trabalhar não mudou. A maior parte do tempo só falávamos. Conversávamos sobre qualquer coisa, sobre nossas roupas antes de se tornar um esboço.
Domenico: Quando o nosso namoro terminou, foi um pouco complicado. Não só por termos que lidar com o fim de um relacionamento de 20 anos, mas também por termos de encontrar uma nova forma de continuar a trabalhar.
Stefano: Mas o nosso carinho não acabou. Só assumiu uma forma diferente, a da amizade. Eu não saberia o que fazer sem o Domenico. Ele é a primeira pessoa que eu chamo quando eu tenho uma dúvida. Eu preciso saber o que ele pensa.
Domenico: A marca é, ao mesmo tempo, a expressão do que eu gosto e do que ele gosta. Não seria o mesmo se metade desta equação desaparecesse. 

 Qual o papel de cada um na marca?
Domenico: Hoje, não há uma divisão de papéis. Nos envolvemos em tudo que está relacionado ao universo da etiqueta. No passado, eu ficava mais no ateliê, enquanto Stefano focava nas estratégias de comunicação.
Stefano: Quando não concordamos com algo, discutimos. Temos personalidades fortes. Na maioria das vezes, começamos com perspectivas muito diferentes, por isso que falamos bastante.
Domenico: Não para convencer o outro que a ideia de um é melhor. Mas para encontramos uma forma para expressar nossos mundos.

 Vocês estão sendo acusados pelo fisco italiano de sonegação de impostos.
Stefano: Pela segunda vez em que enfrentamos um processo legal por sonegação de imposto, o juiz, não obstante ter declarado a acusação como prescrita, decidiu expressar uma conclusão, confirmando nossa absoluta inocência, já que o fato não existe.
Domenico: Agora, vamos reivindicar junto às autoridades fiscais, pois fomos absolvidos e, paradoxalmente, a Receita Federal está nos pedindo para pagar uma fortuna.



MODELOS, ATLETAS E ALGUMAS POLÊMICAS

 Na história da Dolce & Gabbana, as campanhas merecem lugar de destaque. Na temporada de verão 2010, por exemplo, Domenico e Stefano convidaram Madonna para ocupar o posto de garotapropaganda. Nas imagens de Steven Klein, a cantora aparece lavando louça, comendo uma macarronada e descascando legumes — mais corriqueiro, impossível.

Marqueteira, a dupla ousou ao mostrar alguns jogadores da seleção de futebol italiana vestindo apenas cuecas, dentro de um vestiário numa campanha de 2006. Nos anos seguintes, a grife se superou ao abordar temas polêmicos, como violência contra a mulher (o anúncio acabou banido da Itália e da Espanha) e submissão masculina.

Os brasileiros também são figuras recorrentes nas publicidades da etiqueta. Gisele Bündchen, Isabeli Fontana, Izabel Goulart, Evandro Soldati e Alessandra Ambrósio já fotografaram para a marca. A seguir, os estilistas falam sobre esse importante meio de comunicação e sua relação com modelos e atletas.



 DE OLHO NO VESTIÁRIO MASCULINO

 No passado, a marca fez campanhas polêmicas e controversas. Como vocês lidam com esta parte importante do business?
Stefano: Como em tudo, as pessoas são livres para interpretar o que veem da maneira que preferirem. Mas nunca fizemos uma campanha só para provocar.
Domenico: Eu fotografei os três últimos anúncios. Portanto, o nosso compromisso é ainda maior do que no passado. Mesmo quando contratávamos fotógrafos, estávamos sempre envolvidos em cada detalhe.
Stefano: Houve sempre um interessante diálogo com todos os fotógrafos. No final do dia, era a nossa coleção, a nossa visão, o nosso mundo. E eles tinham um grande respeito por isso.
 

 A Dolce & Gabbana é mais do que roupas. Vocês já licenciarama marca para uma montadora de carro e outros produtos. Como funcionam essas parcerias?
Domenico: Estamos menos inclinados a trabalhar com esses projetos. Temos muito  que fazer na grife, como as linhas de relógios e a infantil.



 ‘JOGADORES APRENDEM COM BECKHAM’

 Como é a relação de vocês com as modelos?
Stefano:
Depende. Conhecemos Gisele Bündchen, Naomi Campbell, Eva Herzigova e Bianca Balti (estrela das últimas campanhas da marca, inclusive do perfume Light Blue, ao lado de David Gandy, o “muso” da etiqueta) há muitos anos. Com elas, há um vínculo que vai além do trabalho, porque foi construído com o tempo e com as experiências vividas juntos.
Domenico: Somos muito gratos a algumas modelos. No início, muitas aceitara participar de nossos desfiles de graça, porque acreditavam em nós.

 Na história da grife, atletas sempre tiveram um lugar de destaque, principalmente os jogadores de futebol. Como é trabalhar com eles?
Domenico: Engraçado Eles não são nada complicados. Na maioria das vezes, trabalhamos com jovens talentos, e fico surpreso ao ver que eles são humildes e disciplinados. E esses valores são importantes se eles quiserem chegar a um nível mais elevado. O talento por si só nunca é o suficiente.
Stefano: Esses caras aprenderam a lição que David Beckham ensinou ao mundo nos anos 1990. Não basta vencer no campo, você precisa ter uma imagem vencedora fora do estádio. As gerações mais jovens têm isso muito claro, por esta razão os atletas são muito cuidadosos com o que usam e com as fotos que fazem.
Domenico: Mesmo quando trabalhamos com um grande campeão, como o Lionel Messi, é tranquilo. O que queremos é que sejam eles mesmos. Eles não precisam desempenhar um papel ou usar uma máscara.

GOOGLEI - Ana Cristina Reis

O Globo 16/11/2013

Mao Tsé-Tung, Montesquieu, Cervantes e os mitos da sexualidade feminina numa tarde de calor

Tinha Prada, Miu Miu, Vuitton (até da edição
especial da Kusama), Chanel clássica de matelassê
nas cores amarela e vermelha, Saint Laurent
(com o Y dourado bem gritante). “Senti falta
da Hermès”, brincou Fernanda, tentando desanuviar
os ânimos (estávamos na missa
de sétimo dia de Sônia, que foi uma mulher
“dourada”: loura e vibrante) e distrair do calor
indecente que fez na terça-feira.

No altar, o sermão versava sobre a destruição da Biblioteca de
Alexandria, árabes, fogo e césares.
— É isso mesmo? A ordem é essa? — perguntou Renata.
Não deu para ponderar sobre o encadeamento da História
porque em seguida o padre soltou uma frase que nos paralisou:
“O terceiro livro mais lido do mundo é a Bíblia. O primeiro é ‘O
capital’, de Marx; o segundo, ‘Dom Quixote’, de Cervantes”.
Como assim? “Dom Quixote” é o segundo livro mais lido?
Como é que o mundo não está melhor? Ué, a Bíblia não é o
livro mais vendido do mundo? E Paulo Coelho não está na lista?
Que lista é essa?
Nossas cabecinhas fervilhavam incrédulas e em silêncio
quando Lívia sussurrou:
— Googlei. A lista dos livros mais vendidos no mundo é a
seguinte: “Bíblia sagrada”;“O peregrino”, obra de um pastor
batista publicado pela primeira vez na Inglaterra em 1678; “O
livro vermelho”, do comandante Mao Tsé-Tung; o “Alcorão”;
“Dom Quixote”, oba!, olha ele aqui de novo; e “Dicionário
Xinhua Zidian”, que deve ser o “Aurélio” da China.
— Mas, e os mais lidos? Deve ter uma lista também —
provoquei.
— Tem. Os dez livros mais lidos
nos últimos 50 anos. “Bíblia sagrada”,
“O livro vermelho”, “Harry Potter”, “O
senhor dos anéis”, “O alquimista”, “O
código Da Vinci”, a “Saga
Crepúsculo”, “E vento levou”, “Quem
pensa enriquece”...
— De quem?
—Um americano. Foi assessor dos
presidentes Wilson e Roosevelt. Ele
aponta características comuns em
gente como Henry Ford, King Gillette
e John Rockefeller.
— Ah...
— Em décimo lugar, “O Diário de Anne Frank”.
— “O Diário de Anne Frank”? Quem está relendo? — quis
saber Andrea, que chegou na hora dos cumprimentos. Antes
que pudéssemos esclarecer, ela acrescentou: — Fui deixar o
Enzo em casa antes. Enzo, o meu sobrinho destemido. Sabe
qual foi o papo no carro? Ele falou do “Leviatã”, de Hobbes. É
mole? Enzo tem 13 anos. Para não perder a pose, corrigi um
comentário que ele fez sobre Montesquieu.
Abrimos lugar na fila para a Jacqueline.
— Quem tá lendo Montesquieu?
— Ninguém — respondi. — Eu estou lendo “Vagina”, da
Naomi Wolf. Foi ela que escreveu “O mito da beleza”.
— Está gostando?
— É curioso...
— Tem algum ensinamento prático ou é tudo teoria? Queria
saber se faz diferença se a mulher for magra.
— Ainda estou na teoria.
— Teoria...
— Do lótus dourado da filosofia Tao ao sex shop de hoje. De
Freud a Ian McEwan. Mas a autora é fascinada pela ligação do
cérebro com a vagina. Sério! Ela acha que a vagina está
conectada com a criatividade, a confiança e o caráter.
— Então as putas devem estar entre os três tipos mais
interessantes de mulheres.
— Mulher interessante é muito subjetivo. Eu acho a Angelina
Jolie assustadora. Aquelas veias saltadas, aqueles lábios
descomunais... Prefiro a lista dos homens mais interessantes
hoje no Rio.
— Essa lista, querida, não está no Google

Miriam Makeba TRIBUTO A MAMA ÁFRICA

O Globo 16/11/2013

Obra da cantora morta em 2008 é celebrada no Back2Black, com artistas brasileiros, como Gilberto Gil, e africanos, como Aicha Koné


Chegada ao Rio. Em 1968, com o sucesso “Pata pata”, cantora veio ao Brasil, trazendo sua música política e espiritual


LEONARDO LICHOTE
llichote@oglobo.com.br

Em 1968, quando desembarcou no Rio, Miriam Makeba foi recebida pela bateria da Mangueira. Agora, 45 anos depois, a cantora sul-africana (morta em 2008, aos 76 anos) é novamente acolhida por batuques locais, filhos da diáspora. A artista é a grande homenageada hoje no Back2Black, às 22h30m, na Cidade das Artes, com um tributo que reunirá brasileiros (Gilberto Gil, Alcione, Ganhadeiras de Itapoã) e africanos (a neta de Miriam Zenzi Makeba Lee, Sayon Bamba, Sidiki Diabaté, Iyeoka, Ismael Lô, Aicha Koné, Ladysmith Black Mambazo, Salif Keita, Boncana Maiga e Papa Konaté), além de Buika (espanhola, de pais africanos), sob os tambores do candomblé.

— A ideia é criar uma ponte, uma conversa entre o universo dela e o brasileiro — explica Letieres Leite, responsável pelos arranjos do show. — É uma banda que tem na base atabaques de Salvador, de diferentes nações do candomblé. Junto deles, um naipe de sopros, a banda e um DJ. Queremos aproximar essa ancestralidade da música afro-brasileira com a música de toques mais contemporâneos produzida na África a partir de Makeba. Em última instância, tudo vem do mesmo lugar, da escravidão, esse holocausto que motivou a saída dos negros da África. A diáspora é a base da música popular ocidental, e é isso que veremos no palco.

Miriam Makeba sintetizou como poucos essa fusão entre o poder da música popular — não apenas por seu hit internacional “Pata pata”, mas pelos ouvidos abertos e pelo desejo de secomunicar com plateias do mundo inteiro — e a história de opressão e injustiça do povo africano.Não foi por acaso, portanto, que ela se tornou conhecida como Mama África. Nesse sentido, é emblemático vê-la interpretando “Khawuleza” (há um belo vídeo no YouTube gravado para a TV sueca em 1966). Antes de cantá-la, ela explica que a música vem das periferias da África do Sul do apartheid: “As crianças gritam das ruas quando veem os carros de polícia chegando para atacar suas casas por um motivo ou outro. Elas gritam ‘khawuleza, mama’, que simplesmente quer dizer, ‘corra, mamãe, por favor, não deixe eles pegarem você’”.

— É difícil responder como seu lado ativista e seu lado cantora se relacionavam — diz Nelson Lumumba Lee, neto da cantora. — Ela atendia a um chamado. Porque, quando foi para os Estados Unidos e começou a fazer sucesso, ela poderia simplesmente se esquecer de onde veio e cuidar de sua carreira. Mas ela atendeu a esse chamado e nunca se desligou de seu povo. Nunca foi algo que ela planejou, simplesmente veio.

Porque não era elegante dizer o que ela dizia. Era arriscado. Ela foi banida de seu país, sua música foi banida.

A trajetória de Miriam foi realmente tão intensa quanto acidentada. Ela começou a cantar nosanos 1950, em conjuntos vocais sul-africanos. Em 1959, uma participação no documentário “Come back, Africa”, exibido no Festival de Veneza, chamou a atenção para ela. A artista se mudou para a Europa e, em 1960, ao tentar voltar para casa para o enterro da mãe, descobriu que não podia entrar em seu país novamente. Em 1963, ela proferiu um discurso histórico no Comitê das Nações Unidas contra o apartheid. Mais tarde, já morando nos Estados Unidos — para onde foi levada por Harry Belafonte (com quem ganhou um Grammy em 1966 pelo álbum “An evening with Belafonte/Makeba”) —, ela sofreu novas sanções, dessa vez do mercado, ao se casar com o ativista político Stokely Carmichael, porta-voz dos Panteras Negras.

PROXIMIDADE COM A MÚSICA BRASILEIRA



Miriam não via sua obra como essencialmente política. “Eu só disse a verdade ao mundo, e se a verdade se tornou política, não posso fazer nada a respeito”, declarou em 2000.

— Ela era mais do que cantora e ativista — defende sua neta Zenzi Makeba Lee, que no tributo cantará “Khawuleza”, entre outras. — Sua mãe era uma sangoma, curava pessoas por meio da música. Ou seja, havia algo espiritual e ancestral na relação de Mama Makeba com a música. E ela deixou não só um legado musical, mas também um legado social, como o Makeba Centre for Girls (instituição que dá um lar e suporte a meninas abandonadas ou que sofreram abuso).

Ao longo de sua carreira, Miriam manteve uma relação com a música brasileira, fosse pela colaboração de Sivuca (com quem tocou e que escreveu arranjos para ela) ou gravando músicas como “Mas que nada” e “Xica da Silva”, ambas de Jorge Benjor.

— Ela sempre procurou se aproximar das plateias cantando músicas de seus países — lembra seu neto. — Cantou em francês, português, iídiche... Ela acreditava na unidade de culturas, na diversidade, na construção de um mundo de paz a partir do encontro. Ela fez isso em toda sua vida na música. E estaria bem feliz com a homenagem.

Zenzi concorda:
— Estou honrada de estar aqui com artistas brasileiros e outros africanos no tributo. Especialmente agora, quando se completam 50 anos de seu discurso no Comitê das Nações Unidas. Mais do que amar a música brasileira, Miriam Makeba se envolveu com ela. Essa é a beleza deste tributo.