sábado, 23 de fevereiro de 2013

SABÁTICO

Retrato do Brasil poético

Uma antologia recém-publicada na França reúne mais de cem brasileiros, ao longo de 1.500 páginas, num largo painel do País, que vai do século 16 ao 20 sublinhando as sutis afinidades entre os autores

 

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Templo do livro, modelo em xeque

 

A atual fase da era digital, marcada pela expansão do mercado de e-books, vem acentuando o debate sobre o destino das bibliotecas tradicionais - e o seu incontornável impacto na formação de leitores

 

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Polêmica na Quinta Avenida com Rua 42


Lúcia Guimarães 

  NOVA YORK - É difícil encontrar uma cidade norte-americana mais litigiosa do que Nova York. Prefeitos anunciam megaprojetos que nunca saem da maquete porque vereadores, associações de bairro e diversos grupos de interesse montam uma resistência tão ruidosa quanto eficaz. Quando lhe mostraram um vídeo de pontos de ônibus cariocas que havia projetado, o grande arquiteto modernista Richard Meier ficou admirado: "Fiz esse projeto para Nova York há dez anos", disse. "Tudo se obstrui nesta cidade." Quem sabe, Meier pode convidar o colega Norman Foster para desabafar mágoas em escala bem maior. Sir Norman Foster, o famoso arquiteto autor de várias adições a prédios históricos, como o British Museum, em Londres, e o Reichstag, de Berlim, não está sendo tratado em Nova York com a gentileza esperada por cavaleiros da Ordem Britânica. Ele é o responsável pelo plano de renovação de um dos mais queridos prédios históricos do país, a sede da Biblioteca Pública de Nova York, inaugurada em 1911. O prédio fica na esquina da Quinta da Avenida com a Rua 42.

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'Obras devem levar no mínimo dez anos'

Galeno Amorim, presidente da Fundação Biblioteca Nacional, fala da reforma e modernização da instituição

 

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HISTÓRIAS DE CASAIS EM CRISE

Nos contos de Pulso, o inglês Julian Barnes explora com verve os tormentos do amor

 

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NOS CAMPOS DO ÓDIO

Livro escancara o drama dos refugiados da Segunda Guerra

 

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A CONDIÇÃO HUMANA EM PAPEL E LETRAS

 

Os bastidores, os truques e o sentido da arte da ficção dão corpo a Confissões de Um Jovem Romancista, do italiano Umberto Eco

 

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UM RAIO-X DAORDEM MUNDIAL

Declínio do poder dos EUA e ascensão do Brasil pontuam reflexões de Rubens Barbosa

 

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NOTAS TOCADAS PARA UM MESTRE

Em Reinventing Bach, o americano Paul Elie mistura a trajetória do gênio alemão à de quatro intérpretes - Albert Schweitzer, Pablo Casals, Leopold Stokowski e Glenn Gould - que recriaram sua obra na modernidade

 

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O PASTOR NAZISTA - GRAÇA MAGALHÃES-RUETHER

 Historiadores revelam participação de luterano em matança de judeus e intensificam debate sobre religião e nazismo

Graça Magalhães-Ruether 

O pastor Walter Hoff, da igreja luterana, que apoiou o nazismo
Foto: Divulgação
O pastor Walter Hoff, da igreja luterana, que apoiou o nazismo 
BERLIM - Enquanto o Vaticano silenciou durante o regime nazista, os luteranos tiveram uma participação mais ativa na perseguição dos judeus. Adolf Hitler e Joseph Goebbels eram de origem católica, e Hitler proibiu que o seu ministro da propaganda se desligasse da Igreja, como planejava. Mas foi a igreja luterana, da qual cerca de 50% da população da Alemanha faziam parte já naquela época, a que mais colaborou com o regime.
Em um estudo que será publicado em abril na revista de História “Zeitschrift für Geschichte”, Dagmar Pöpping, da Universidade Ludwig Maximilian, de Munique, conta a história do pastor luterano nazista Walter Hoff, que participou pessoalmente do extermínio de judeus da Bielorrússia (algo entre 786 e mil pessoas) e confessou o crime aos seus superiores, mas nunca foi condenado por nenhum tribunal.
Segundo o historiador Manfred Gailus, autor do livro “Crença, Confissão e Religião no Nacional Socialismo”, Hoff não foi punido porque a igreja protestante abafou o caso.

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(A)corda, Caetano!

Walter Queiroz Jr.
Advogado, poeta, compositoe, membro da Confraria dos Saberes

waljunior44@hotmail.com



Oscar! Melhor DVD pirata! - José Simão

Três são os motivos do fracasso da Revolução Cubana: café da manhã, almoço e jantar!

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! E diz que o novo estádio do Palmeiras vai se chamar TORRESMÃO! E amanhã é dia de Oscar! Merece um Oscar quem conseguir assistir o Oscar até o fim!

Pra mim, o melhor filme é "Django Livre". Devia levar todas as estatuetas. A revista "Vanity Fair" contou quantas pessoas morreram nos filmes do Tarantino: 560! SÓ?!

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Golpe contra novos rumos - CACÁ DIEGUES

O GLOBO - 23/02/2013

Brasileiros sectários, supostamente em defesa de Cuba, provocam uma reação que só faz prejudicar o projeto de abertura daquele país



Não é muito fácil, para uma pessoa da minha idade, falar sobre Cuba. Para minha geração, Cuba foi um modelo de sonho, esperança de um inédito socialismo democrático, com liberdades individuais, direitos e oportunidades iguais para todos, liderado por rapazes como nós, com menos de 30 anos de idade, num país miscigenado como o nosso, ao som de rumba, mambo e bolero.

Nada poderia nos produzir mais euforia que a noite de Ano Novo em que Fidel Castro entrou em Havana e tomou o poder com seus guerrilheiros barbudos. Eu tinha 18 anos e estava nas ruas, com meus colegas da UNE e os companheiros do futuro Cinema Novo, celebrando a vitória da beleza e da justiça, como diria Paulo Martins em “Terra em transe”. Isso ninguém esquece. Mesmo que o sonho se transforme em pesadelo, permanece em nossos corações na sua forma original.


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O Papa e o meteoro - CRISTOVAM BUARQUE

Seria bom saber que todos os políticos eleitos usam os mesmos serviços públicos de seus eleitores

Ao mesmo tempo em que em Roma o Papa Benedito XVI renunciava ao seu pontificado, na Sibéria caía um meteoro. A renúncia foi um destes fatos que nos surpreendem com o passado. E a queda do meteoro desperta temor no futuro. São temores que nos fazem sonhar com notícias que nos surpreendam ao longo da vida futura.

Sonho ler notícia de que a economia é orientada para a redução da pobreza e a construção da igualdade social, com respeito ao equilíbrio ecológico; que o consumo está subordinado ao bem-estar, e este à felicidade das pessoas. Sonho ler a informação de que todas as crianças do mundo estão em escolas com a mesma alta qualidade, e nenhum pai ou mãe no analfabetismo; que a corrupção passou a ser tema limitado a estudo nos cursos de História; e que todos os políticos são comprometidos com utopias, propondo ações para todo o planeta e as próximas gerações. Gostaria de ver que os principais recursos da Terra passaram a ser regidos por normas do interesse de toda a humanidade e que a água do mar pode ser dessalinizada a baixo custo energético e com a mesma qualidade da água potável.


Quanto mais curto, melhor - Sérgio Augusto

Passei anos crente que fora James Dean quem nos aconselhara a partir desta sem rugas. Há dias descobri que o adágio "Morra jovem e seja um belo cadáver" foi afanado pelo ator de um filme de Nicholas Ray, O Crime Não Compensa (Knock On Any Door), e que Willard Motley, autor do romance que serviu de base ao filme, por sua vez o furtara de uma obscura peça encenada na Broadway nos anos 1920.

Devo essa a um sujeito chamado Garson O’Toole, criador e maestro do site Quoteinvestigator.com, tira-teima eletrônico cujo logo, uma silhueta de Sherlock Holmes, me dispensa de detalhar suas atividades. Há outros meios de esclarecer quem na verdade disse o quê, quando e em que circunstâncias, mas o site de O’Toole me parece o mais confiável porque o mais exaustivo em suas pesquisas.

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Doutor alegria - Arnaldo Bloch


A esteira iniciou sua marcha para o túmulo. Marcha lenta, para começar, até a primeira tomada de pressão. Na tela, os gráficos com as medições dos eletrodos impressionavam

Dia de teste ergométrico é sempre um dia muito tenso. Só perde para a próstata. O T.E., como é conhecido no jargão médico, para quem não sabe é aquele exame no qual o sujeito sobe numa esteira e tem que caminhar cada vez mais rápido, pelo maior tempo possível e num ângulo ascendente, ladeira acima, até não aguentar mais. Quando está, ou pelo menos pensa que está, prestes a morrer, a esteira é desacelerada.

Vira-ser - José Miguel Wisnik


A música da América Latina é discutida sob a neve carnavalesca de Nova York

Na quinta-feira da semana passada, como sempre nesses últimos três anos, eu escrevia minha coluna de sábado, sobre a nevasca em Nova York, onde estive no carnaval, quando caiu a tempestade sobre a zona Oeste de São Paulo, tempestade violenta, ciumenta, mais imprevisível e incontrolável do que a neve que eu vira lá. A energia elétrica do bairro foi para o espaço e só retornou de madrugada. Ilhado pela chuva, com o texto salvo mas perdido dentro do computador inacessível, eu fiquei sem ter como começá-lo todo de novo em algum outro lugar, e faltei ao meu lugar aqui. A chuva do meu bairro, o rio da minha aldeia, quis falar mais alto e calar, de alto a baixo, meus devaneios sobre a neve alheia.

Mas a neve não era tão alheia assim. Na verdade eu estava dizendo que a visão de um grupo de marinheiros brasileiros, mulatos e cafuzos, andando penosamente na neve em Nova York, nos anos 1920, percebidos angustiadamente como “caricaturas de homens”, estava entre os momentos originários de toda a obra de Gilberto Freyre. A interpretação é de Ricardo Benzaquen de Araújo na abertura de seu
“Guerra e paz: Casa grande & senzala e a obra de Gilberto Freyre nos anos 30”. Freyre se lembra com incômodo, a partir da visão, da frase de um viajante americano ou inglês que enxergara um aspecto de “vira-lata” na população brasileira. Todo o seu esforço ensaístico pode ser compreendido, segundo Ricardo Benzaquen, como a tarefa de refutação e reversão dessa imagem, que coincide aliás com a do famoso “complexo de vira-latas” de Nelson Rodrigues.

Eu não tinha me lembrado disso enquanto enfrentava nas calçadas a nevasca de carnaval em Nova York, embora me sentisse um polaco mulato e cafuzo diante da primeira neve real (as do inverno parisiense sempre me foram leves e passageiras). Fui para um colóquio na Universidade de Columbia, que se propunha a pensar a música e o som na América Latina e no Caribe. A coluna da semana retrasada, que eu deixei pronta quando viajei, cumpria a dupla função de ser uma crônica nostálgica de sábado de carnaval, literalmente de “saudades do Brasil”, ao mesmo tempo que um ensaio para o que ia fazer lá, isto é, falar sobre o “pequeno nada” rítmico, impossível de escrever, que Darius Milhaud sentiu nas músicas de Ernesto Nazareth quando executadas pelo autor, e que podia ser visto como um índice das transformações pelas quais passou a música europeia nas Américas, transformada pela presença da África.

O colóquio revelou-se uma imersão fascinante e pouco acadêmica (se tomarmos a palavra no mau sentido, o de formalidade estéril) no pensamento e nas experiências musicais das Américas, entre músicas eletrônicas e indígenas, salsa e jazz, poesia e canção, em meio às quais a ideia do “pequeno nada” encontrou múltiplas ressonâncias. O compositor equatoriano de origem indígena conta como trabalhou com Stockhausen e volta à música indígena, o crítico paraguaio confronta o som e o silêncio nos ritos guaranis com o pensamento ocidental, os porto-riquenhos (com os quais eu descubro cada vez mais afinidades pessoais e culturais) falam sobre batuques transpostos para a linguagem poética, sobre a “jíbara” camponesa na salsa e as relações desta com o jazz (a palestra entusiástica era feita instintivamente em ritmo de salsa) ou sobre Ruth Fernández, cantora porto-riquenha do tempo de Celia Cruz, Pedro Vargas e Libertad Lamarque. E ainda, a música latina no Harlem ou a música erudita argentina fazendo a paráfrase borgeana do museu sonoro europeu, com a proverbial desincompatibilização portenha da África. As cubanas foram impedidas de vir.
A reunião ia de manhã à noite no último andar do International Affairs Building de Columbia, de onde se via a neve cair, suave e contínua, sobre a cidade mais e mais branca em ritmo minimalista e em escala de land art. Acredito não estar delirando se disser que havia ali um cosmopolitismo concentrado e consciente do grande contraponto de diferenças que fez da América o continente do encontro dos continentes (“Que continente loco!”, me exclamou o venerando Mesías Maiguashca, o índio equatoriano de Stockhausen, enquanto ele saía e eu entrava no banheiro), e que tudo isso encontra seu corpo material e imaterial na música. Digo mais: a recente confirmação do poder de fogo do voto latino na eleição presidencial norte-americana, e o rumo apontando para a inevitável inclusão dos trabalhadores informais e irregulares na realidade dos Estados Unidos, dava às discussões uma nova, mesmo que difusa, sensação de autoridade.
O Brasil também desfruta dessa difusa nova sensação de autoridade. Nada como aquela que eu senti, intimamente, quando Claudia Neiva de Matos mostrou Geraldo Pereira cantando “A dama ideal”, com a entoação tão relaxada e o show de pequenos nadas na voz, sambando soberano sobre a neve de Nova York.