sábado, 2 de fevereiro de 2013

Calor que provoca arrepio

Ao lado do filho Pedro, Baby do Brasil canta sucessos de quando era Baby Consuelo para celebrar 60 anos


Fabio Motta/AE
Calor que provoca arrepio
'Não tomo droga, não queimo fumo, mas sou muito mais louca do que todo mundo pensa', diz Baby
 
Lauro Lisboa Garcia, Especial para o Estado

No canto do olho de Baby do Brasil, tinindo, trincando, a menina Baby Consuelo ainda dança. Para alegria dos fãs da cantora do período pré-evangélico, ela voltou aos palcos para comemorar os 60 anos de idade - completados em julho de 2012 - com um show recheado de clássicos dos Novos Baianos e do auge da carreira solo, como Menino do Rio (Caetano Veloso), Ele Mexe Comigo (Baby/Galvão/Pepeu Gomes), A Menina Dança (Morais/Galvão) e Todo Dia Era Dia de Índio (Jorge Ben).

Dirigido pelo filho Pedro Baby, guitarrista integrante da banda que a acompanha, Baby Sucessos - que chega amanhã a São Paulo em apresentação única, depois do Rio, da Bahia e outras praças em que fez balançar o chão - separa bem a Baby Consuelo da fase de O Que Vier Eu Traço e Pra Enlouquecer (álbuns antológicos de 1978 e 1979 recém-lançados em CD pela Discobertas) da Baby do Brasil "popstora" evangélica, embora uma seja indissociável da outra. A voz continua poderosa e o cabelo mantém as cores vivas (atualmente violeta), como ela mesma brinca em entrevista por telefone, mas aqui não tem muito lugar para louvores ao Deus que ela tanto menciona durante toda a conversa.

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Entrevista Juca Ferreira

A largada de Juca

Secretário de Cultura fala sobre busca por políticas de investimento, hip hop e planos para o Municipal


Ernesto Rodrigues/AE
A largada de Juca
Secretário defende um novo protagonismo para hip-hop e para o carnaval de rua
 
 
Jotabê Medeiros, de O Estado de S.Paulo "Haddad precisa importar um baiano?" A pergunta no título da coluna de um jornalista paulistano provocou polêmica quando o novo prefeito de São Paulo, Fernando Haddad, anunciou o nome do seu secretário Municipal de Cultura, Juca Ferreira, ex-ministro da Cultura do governo Lula. Na tarde da última quinta-feira, dia em que festejava 64 anos, Ferreira falou à reportagem do Estado em seu novo gabinete na Avenida São João. Tinha acabado de receber o jornalista autor do artigo, para discutir apoios a programas de sua ONG. É um retrato de sua nova disposição: tem se dedicado a abrir diálogos em todas as direções, segundo conta nesta conversa, em que trata de temas como a nomeação do maestro John Neschling para a direção do Teatro Municipal de São Paulo e modificações na Lei de Fomento.

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Não choro mais - Arnaldo Bloch


Lágrimas represadas num Brasil de tragédias

Não chorei quando soube da tragédia de Santa Maria, e até agora não houve pranto. Meu choque foi um choque mudo, frio, escaldado, choque maior até por constatar que o incêndio no Sul é apenas o mais recente horror de uma fileira que remonta à infância, desde que me entendo por gente, quando ouvia Gil cantar “Aquele abraço” no rádio Transglobe de meu pai.

Com ele, o pai, passei, de carro, sob o viaduto Paulo de Frontin horas antes de sua queda, em 1971. Fiquei dias e noites, menino de 6 anos, tentando reconstituir o momento da queda, não havia infográficos, era só a mente mesmo a criar o horror e a imaginar-se nele: eu e meu pai, se estivéssemos lá, como seria nossa morte? Choraria, décadas depois, com a tarde que caía como um viaduto na letra de Aldir Blanc.

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PERFIL: Carlos Henrique Escobar

A transparência de um REVOLUCIONÁRIO

Um dos intelectuais mais provocativos do Brasil nos anos 1960 e 70, o filósofo, dramaturgo e professor Carlos Henrique Escobar, hoje radicado em Portugal, ressurge no documentário ‘Os dias com ele’, premiado na recém-encerrada Mostra de Cinema de Tiradentes

Rodrigo Fonseca 

Carlos Henrique Escobar. Aos 79 anos, filósofo é homenageado com documentário
Foto: Divulgação
Carlos Henrique Escobar. Aos 79 anos, filósofo é homenageado com documentário Divulgação
RIO - Corre pelo campus da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) da Praia Vermelha um folclore de que toda uma ninhada de gatos abandonada lá, pelos corredores da Escola de Comunicação (ECO), hoje mora em Aveiro, Portugal, no apartamento do professor (hoje aposentado) Carlos Henrique Escobar. Pode ser que o bichano felpudo refestelado em seu colo numa sequência do documentário “Os dias com ele” — eleito melhor filme na 16ª Mostra de Cinema de Tiradentes, semana passada, em Minas Gerais — seja um dos felinos da ECO. Mas nada assegura. Sabe-se apenas que todo mundo que fala sobre Escobar, seja de sua trajetória polêmica como filósofo de orientação antistalinista, seja de sua carreira premiada como dramaturgo, ou mesmo de sua experiência como pai (por vezes ausente), traz seus gatos à tona — talvez por ele mesmo frisar sua devoção pela espécie.
“Quero ser enterrado num cemitério de animais”, diz o pensador paulistano, hoje com 79 anos, numa cena de “Os dias com ele”, dirigido por sua filha Maria Clara Escobar, 24.

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Cultura da irresponsabilidade - ROSISKA DARCY DE OLIVEIRA

Se a tragédia de Santa
Maria não nos convencer
de uma vez por todas que
a irresponsabilidade é
assassina, preparemo-nos
para mais dor e desespero

A dor não cabe nas três letras de uma palavra. A dor é indizível e só cada um conhece a sua. A dor alheia se respeita no silencio e na compaixão.

A revolta, ela sim, comporta muitas palavras e outros tantos gestos que não devem ser poupados. Do que aconteceu em Santa Maria se deve falar à exaustão, discutir em cada sala de jantar, escola, em cada gabinete, da Presidente aos prefeitos, até que se chegue às raízes da tragédia. Não apenas procurar os responsáveis e puni-los mas também combater os irresponsáveis, desentranhar de nossa maneira de viver comportamentos aberrantes que, tidos como normais, cedo ou tarde desembocam em desastre. Porque o que está em causa não é só a responsabilidade específica, localizada em Santa Maria, mas a irresponsabilidade invisível porem generalizada que alimenta no país uma cultura assassina.

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Memórias de um OUTRO SAMBA

Paulinho da Viola e Nelson Sargento
celebram o reencontro no bloco que sai
amanhã homenageando o espetáculo ‘Rosa
de Ouro’, onde se conheceram, em 1965

SILVIO ESSINGER
silvio.essinger@oglobo.com.br




Aos 88 anos, Nelson Sargento contempla o “garoto” Paulinho da Viola, de 70: os dois farão participações especiais no Timoneiros
Foto: Leonardo Aversa
Aos 88 anos, Nelson Sargento contempla o “garoto” Paulinho da Viola, de 70: os dois farão participações especiais no Timoneiros Leonardo Aversa
RIO - Em casa, Paulinho da Viola guarda em estantes uma boa quantidade de LPs, muitos dos quais arrematados em sebos ou de comerciantes de discos usados. Alguns, ele admite com orgulho, comprou só pelas capas mui singulares — belezuras com lugar garantido em qualquer antologia do tipo “Worst album covers of all time”, com artistas em trajes escalafobéticos ou em poses inacreditáveis e cantoras com o buço por raspar. Outros, porém, são relíquias do samba, que ele se delicia em pôr para tocar na presença dos amigos que vão visitá-lo. E, na tarde de terça-feira, lá estão Zeca Pagodinho (que passara só para dar um alô) e Nelson Sargento, com quem Paulinho se encontrará novamente domingo, no desfile do Bloco Timoneiros da Viola, que, em seu segundo ano, relembra o espetáculo “Rosa de Ouro”, no qual os dois se conheceram, há quase 50 anos.

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FERIDA QUE NÃO FECHA

Oitenta anos após a ascensão de Hitler, Alemanha revê papel das antigas elites e de Hindenburg

GRAÇA MAGALHÃES-RUETHER
Correspondente em Berlim
ciencia@oglobo.com.br



Museu do Holocausto. Judeus ortodoxos observam bandeiras nazistas Foto: Amir Cohen/Reuters
Museu do Holocausto. Judeus ortodoxos observam bandeiras nazistas Amir Cohen/Reuters
Berlim. Oitenta anos depois, a Alemanha lembra com novas publicações e exposições o início do período mais sombrio de sua História, iniciado no dia 30 de janeiro de 1933, com a ascensão de Adolf Hitler ao poder.

- Nós queremos lembrar, nós não esqueceremos - enfatizou o prefeito de Berlim, Klaus Wowereit, ao abrir um programa de eventos que vão se estender pelo ano inteiro na capital alemã, cujo tema é “a diversidade destruída”.

Em pontos centrais da cidade, como no Portão de Brandemburgo e na Avenida Kurfürstendamm, exposições de fotografia ao ar livre mostram como o tema está onipresente em Berlim. Também é lembrado o 75º aniversário do pogrom, o ataque contra os judeus, que ficou conhecido como “a Noite dos Cristais”, primeira manifestação oficial de ódio coletivo, com prisões, destruição de lojas e assassinato dos integrantes da minoria, no dia 9 de novembro de 1938. As exposições destacam a lista de intelectuais obrigados a deixar a Alemanha, banidos pelos nazistas. Entre eles, o físico Albert Einstein, o dramaturgo Bertolt Brecht e o filósofo Walter Benjamin.

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Google pagará € 60 milhões a veículos jornalísticos da França

Acordo inédito livra empresa de taxa para exibir trechos de notícias


O presidente francês Francois Hollande (à direita) assina o acordo com o presidente da Google, Eric Schmidt
Foto: PHILIPPE WOJAZER / AFP

O presidente francês Francois Hollande (à direita) assina o acordo com o presidente da Google, Eric Schmidt PHILIPPE WOJAZER / AFP
PARIS – A Google, em acordo inédito, vai ajudar os veículos jornalísticos franceses a aumentar sua receita com publicidade on-line e também criará um fundo de € 60 milhões para impulsionar a inovação na área de mídia digital. O acordo — assinado nesta sexta-feira pelo presidente francês Francois Hollande e pelo presidente do conselho de administração da Google, Eric Schmidt — alivia a polêmica sobre a exibição de links de notícias nos resultados de buscas feitas no Google, pela qual os jornais queriam ser remunerados.

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De oito a oitenta - SÉRGIO MAGALHÃES

Depois de fatos negativos de grande repercussão, leniências dão lugar a alto rigor. Vai-se de proibido a compulsório sem transição

Coerente com a ideia de que a sociedade brasileira trata o improviso com muita consideração, nossas ações ora vão em um sentido, ora pegam sentido em contrário, ambos assumidos com igual ênfase e convicção. Costumamos ver as regras se alterarem de oito a oitenta com grande rapidez e leveza.Talvez esteja nessa nossa característica uma das explicações para o relativo fracasso dos sistemas de planejamento, não apenas os edilícios ou urbanísticos, mas também os econômicos, os políticos e demais. Infelizmente, quase nunca com resultado inócuo.

Por que só agora? - ZUENIR VENTURA

 Para aumentar o desânimo,
mais um baque, esse moral:
a eleição de Renan Calheiros
para presidente do Senado

Por mais otimista que a gente seja em relação ao Brasil e ao Rio, e eu sou, há momentos em que pessimismo e desânimo baixam sobre nós, como agora. Diante do sofrimento dos parentes e amigos das vítimas de Santa Maria e em face das irregularidades e transgressões que reinam no Rio, onde poderia ter acontecido o mesmo, como manter viva a esperança?

Se o estado e a prefeitura não conseguem fiscalizar suas próprias casas, como foi mostrado aqui pelo repórter Luiz Felipe Reis, imagina a dos outros. No levantamento solicitado pelo jornal às autoridades, foi constatado que, dos 56 espaços culturais do município, 36 estão funcionando sem autorização do Corpo de Bombeiros, e, dos 23 estabelecimentos de responsabilidade estadual, 13 não possuem o certificado da corporação.

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Fusão é imposta no mundo fashion

Antigos desafetos, os empresários Eloysa Simão e Paulo Borges cedem às pressões e aceitam unir os salões de negócios Rio-à-Porter e Fashion Business

Thamine Leta 
Eloysa Simão e Paulo Borges: fusão imposta Foto: Divulgação
Eloysa Simão e Paulo Borges: fusão imposta Divulgação
RIO — O circo da moda nunca foi conhecido exatamente pela humildade de seus protagonistas. Egos exaltados e gênios intempestivos chegam muitas vezes a afetar o desempenho da indústria até que alguém mais pragmático resolva colocar todo mundo em seus lugares. Foi o que se viu na sexta-feira no Rio quando uma discreta nota anunciou a união dos salões de negócios Rio-à-Porter e Fashion Business, que aconteciam separadamente duas vezes por ano na cidade. O primeiro evento é criação do empresário Paulo Borges, que em 2009 assumiu o comando do Fashion Rio após anos de gestão de Eloysa Simão. Na época, a saída de Eloysa causou mal-estar entre os gigantes da moda brasileira.

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De volta, a ética de Renan

Denunciado ao STF, senador retoma cargo 5 anos após renúncia para evitar cassação

MARIA LIMA, FERNANDA KRAKOVICS
E JÚNIA GAMA
opais@oglobo.com.br

-BRASÍLIA- Cinco anos depois de renunciar ao cargo sob acusações de corrupção, Renan Calheiros (PMDB-AL) foi reconduzido ontem à presidência do Senado, por voto secreto, dizendo que “ética é obrigação de todos”. Sem surpresas e com votos inclusive da oposição, que havia anunciado apoio à candidatura de Pedro Taques (PDT-MT), o peemedebista foi eleito por larga maioria: 56 a 18, com dois votos brancos e dois nulos. Aliados de Renan contabilizaram sete traições no PSDB, o que garantiu a vaga da 1ª Secretaria da Mesa Diretora para o tucano Flexa Ribeiro (PA).

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Cidades sem alvarás - Marcelo Rubens Paiva

Sexta-feira, dia 25, aniversário de São Paulo. A Prefeitura soltou um longo anúncio exaltando as qualidades da cidade. Inseriram, lógico, imagens da vida noturna. Nos telejornais, repórteres nas ruas entrevistaram pessoas na cidade de gastronomia e baladas reconhecidas internacionalmente.

Madrugada de sábado para domingo, mil quilômetros ao sul. Um músico irresponsável com um sinalizador, numa boate sem qualquer segurança, cujo teto rebaixado foi revestido por um material inflamável, de uma cidade cuja prefeitura pelo visto é ineficiente, detona o horror, o absurdo, a revolta, a morte.

E o que aconteceu depois, a perseguição ultraconservadora movida pela resposta imediata, revelou que a irracionalidade não estava apenas dentro da boate coberta pela fumaça tóxica.

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'Amor', de Haneke - Sérgio Telles

Velhice, deterioração do corpo e proximidade da morte são dolorosos aspectos da realidade que preferimos esquecer, assuntos desagradáveis e evitados sempre que possível. Quando, vencendo a resistência, eles se impõem à nossa atenção, logo são contrarrestados por considerações lenitivas ou substituídas por itens mais tranquilizadores.

O que pensar de um filme como Amor, de Michael Haneke, centrado exatamente nesses temas? Pois embora o título aponte para a relação amorosa do idoso casal de músicos, cuja rotina é destruída pela irrupção de um acidente vascular cerebral, o verdadeiro protagonista do filme é a degradação do corpo e da mente trazida pelo envelhecimento.

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Maravilhas em cera de abelha - Silviano Santiago

Os que amam a história da Renascença florentina estão a par dos acontecimentos que cercam o atentado contra Lourenço de Médici, em abril de 1478. Durante missa na Catedral metropolitana, os dois irmãos Médici são apunhalados. Juliano, seu colaborador no governo, é assassinado por Francisco Pazzi. Refugiando-se na sacristia, Lourenço sai apenas ferido. No atentado, os banqueiros da família Pazzi, inimigos dos Médici, contaram com a cumplicidade do arcebispo de Florença e até do papa Sisto IV, figura já suspeita por ter formalizado tanto a Inquisição espanhola quanto as descobertas de terra pelos portugueses. Também estão a par da repressão levada a cabo pelos aliados dos Médici, que fecha o conflito sangrento entre banqueiros rivais pelo poder em Florença.

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André Singer - Por uma cabeça

Quando, em dezembro último, a "Economist" pediu a demissão de Guido Mantega, brasileiros cordatos se perguntaram se a vetusta revista britânica teria perdido o senso. A sequência dos acontecimentos iria mostrar que havia método naquela loucura, pois, na véspera do Natal, o também inglês "Financial Times" iniciou uma série de ataques à condução da economia pátria.

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Helio Schwartsman - O dilema do parlamentar

SÃO PAULO - A escolha de figuras, digamos, controversas para comandar o Legislativo configura um curioso caso de dilema social, que são aquelas situações em que há um descompasso entre os interesses coletivos ou de longo prazo do grupo e os interesses individuais ou de curto prazo de seus membros.

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Entrevista Juca Ferreira

É importante que São Paulo se assuma como parte do Brasil
NOVO SECRETÁRIO DA CULTURA DA CIDADE DEFENDE ABERTURA A MANIFESTAÇÕES DE TODO O PAÍS, SE DIZ FAVORÁVEL A ORGANIZAÇÕES SOCIAIS E PLANEJA MUDAR VIRADA CULTURAL
 

José Simão - Ueba! É o Renan Escandalheiros!

E a gasolina aumentou porque a gente não tem posto, só tem levado! Rarará! É mole?

Buemba! Buemba! Macaco Simão Urgente! O esculhambador-geral da República! Acabei de receber um release de Olinda: "O bloco Já Que Tá Dentro, Deixa completa dez anos". Dez anos? Então não deixaram, esqueceram! Muda o nome do bloco pra "Já Que Tá Dentro, Esquece!".


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Álvaro Pereira Júnior - Em frente à Kiss

Da ampla avenida Rio Branco, que tem canteiro central arborizado com muitos bancos de concreto, sai, em declive, apontando para o leste, a rua dos Andradas. A calçada do lado direito de quem desce tem uma agência bancária na esquina, depois o consultório de uma vidente, logo ao lado uma academia de ginástica, em seguida uma empresa grande de fotos para formaturas.

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Django e Lincoln - José Miguel Wisnik


A combinação dos dois filmes, que tratam de maneiras muito diferentes da mesma coisa, parece dizer em linguagem cifrada e óbvia de carta enigmática: um negro na Casa Branca

Que “Django livre”, de Tarantino, e “Lincoln”, de Spielberg, estejam ao mesmo tempo em cartaz deve ser uma dessas coincidências sintomáticas em que, por obra do acaso objetivo, uma questão ao mesmo tempo muito atual e muito antiga vem à tona. A questão atual é a polarização da sociedade norte-americana, que a divide e paralisa em impasses políticos agudos. A questão antiga é o correspondente histórico dessa polarização e seus fantasmas: a escravidão e a Guerra Civil, que se ligam na origem e no fim (acabar com a guerra acabando com a escravidão, diz o filme de Spielberg, foi uma obra de manipulação política, pura e suja, suja e pura, de Lincoln). A combinação dos dois filmes, que tratam de maneiras muito diferentes da mesma coisa, parece dizer em linguagem cifrada e óbvia de carta enigmática: um negro na Casa Branca.