A Europa continua sob o fogo cerrado de uma crise econômico-financeira
sem precedentes. Os números do desemprego na Espanha, por exemplo, são
assustadores. Dados divulgados recentemente apontam que 26% da população
está sem trabalho, totalizando quase 6 milhões de pessoas. Mais da
metade dos jovens está sem emprego.
Assiste-se ao comprometimento de toda uma geração. O país vive uma fuga
crescente de jovens talentos. Em um ano, a população de 20 a 24 anos
diminuiu em 100 mil pessoas; de 25 a 29 anos a queda foi de 150 mil. O
impacto da crise entre os jovens preocupa as autoridades e suscita
análises sociológicas.
A juventude europeia não foi preparada para a adversidade. A frustração apresenta uma pesada fatura:
violência, aborto, doenças sexualmente transmissíveis, aids e drogas. A
ausência de cenários promissores compõe a trágica equação que ameaça
destruir o sonho juvenil e escancarar as portas para uma explosão de
contestação.
O quadro brasileiro é bem diferente. Felizmente. Temos, é certo,
muitos problemas - violência, drogas, corrupção, desigualdade, baixa
qualidade da educação -, todavia somos um país de gente alegre, com
capacidade de sonhar. Expectativa de futuro define a vida das pessoas e o
rumo das sociedades. "O Brasil", dizia-me um conhecido jornalista
espanhol, "tem muitas coisas que não funcionam." Mas acrescentou: "Vocês
têm problemas, porém têm alegria, fé, futuro. Nós, europeus, perdemos a
esperança".
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