quarta-feira, 13 de fevereiro de 2013

Cinzas e repetições - Roberto DaMatta

Roberto Damatta - O Estado de S.Paulo
 
Nesta vida todo mundo, querendo ou não, é pautado. Todos somos levados, obrigados, arrolados ou dirigidos a fazer muita coisa. Algumas, impossíveis, como não mentir ou ser pusilânime. No caso do jornal, temos que escrever; no caso da vida, de seguir alguma regra ou viver com ou sem o bom senso.

Os planos para nossas vidas existem antes do nosso aparecimento no mundo. Antes do nosso nascimento, pai e mãe tinham expectativas fulminantes em relação às nossas vidas. Nossas pautas existenciais são os projetos e esquemas que figuram na nossa sociedade e cultura: instruções do tipo como comer, vestir-se, limpar-se e dormir - caminhos simbólicos e reais a serem necessária e precisamente percorridos como a escolha de certas profissões e valores religiosos e políticos; rituais de crise de vida ou de passagem celebrados em nossa honra ou para os outros, os quais temos de - querendo ou não - acompanhar. Do nascimento até a morte, seguimos esquemas precisos e implacáveis e, mesmo depois de termos partido, continuamos a segui-los, porque não há sociedade que abandone seus mortos.

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