As disputas eleitorais imaginárias na literatura e no cinema - Sérgio Augusto
Pleitos em romances de Sinclair Lewis, Nathanael West e Philip Roth ilustraram e anteciparam aspectos da realidade
O Estado de São Paulo / Aliás
Quando diabos peguei Um Som de Trovão para reler, ainda me lembrava das cores da borboleta (verde, dourada e preta) esmigalhada por uma das botas que Eckels, protagonista da história, usara numa caçada na pré-história. Esse conto de Ray Bradbury, que muito me marcou na adolescência, foi minha escolha instantânea numa enquete da internet sobre “o que ler para acompanhar a eleição presidencial americana” da semana passada.
Escolha aparentemente esdrúxula, na medida em que o conto se ocupa de um safári de dinossauros e outros animais jurássicos proporcionado por uma máquina do tempo, não uma aventura eleitoral. Ocorre que, no início da imaginosa narrativa, dois candidatos disputam a Casa Branca, e no seu desfecho descobrimos que afinal deu zebra - e o franco favorito perdeu, por obra do “efeito borboleta”.
Foi assim: quase ao final do safári, Eckels, o caçador, pisara distraído numa borboleta não programada para morrer, alterando o curso natural das coisas, inclusive o resultado da eleição. Ao voltar ao tempo presente (no caso, a 2055), Eckels tudo, até o ar, meio estranho; e especialmente incômoda a vitória de Deutscher, o candidato com vocação ditatorial, sobre o democrático Keith, pule de dez no pleito.
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